O poeta é este ser que consegue extrair dos acontecimentos, a matéria prima para transformá-la em poemas. Não sei o nome, nem onde mora a musa que serviu de inspiração para este soneto. Só sei que eu a via todo dia, pois trabalhávamos juntos, na mesma empresa. E quando ela passava, tudo ao meu derredor parava, inclusive eu, para admirá-la! As flores do jardim se inclinavam ante a tanta beleza! O sol, por mais bonito que estivesse o dia, se apequenava diante ao brilho do seu sorriso! Meus olhos embebidos, sorvia a beleza radiante de tamanho esplendor!
E tudo era poesia quando ela passava nos seus afazeres. Um belo dia, tão natural como os seus passos, surgiu um soneto em sua homenagem. Sem exagero, sem devaneios, o soneto a retrata do jeito que eu a via, sem salamaleques... É uma pena, mas ela não sabe de sua existência. Pois não tive coragem de informá-la desta minha singela homenagem.
BELEZA EM PESSOA
Impossível olhar-te sem admirar-te!
E, sem deixar ao menos, cair o queixo!
Quando passas, o que estou a fazer deixo,
somente para vê-la! Oh, obra de arte!
Esparzes a beleza em toda parte
que vais, até nos mais recônditos trechos!
da beleza de tudo tu és o eixo,
a deixar-me boquiaberto a contemplar-te!
Aliás, acho que não és tão bonita,
pois ser bonita a ti, é muito pouco,
tu és a beleza propriamente dita!
Não há falácia, nem em mim há loa,
podem até chamar-me de louco,
porque a mim, tu és a beleza em pessoa!
Miguel de Souza
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