domingo, 4 de agosto de 2013

SOBRE POEMAS

     Sempre fui um amante dos livros, principalmente os de língua portuguesa. Ficava torcendo para saber como seria o livro de português no inicio do ano letivo! Em 1987, no fim do ensino fundamental, o meu livro continha poucas poesias, mas o suficiente para me apaixonar por essa arte que me acompanha até aos dias atuais.
     Dentre os poemas por lá existentes havia um, de uma poeta mineira chamada Renata Jatobá, que me chamou atenção! Nem desconfiava eu, que naquele momento estaria nascendo um escritor, como diria Drummond. Passei a sonhar acordado em um dia, também, ter um poema ali, nas páginas de um livro, ou em deixar algum termo que caísse na graça do povo e virasse "rifão" popular como: "tinha uma pedra no meio do caminho", enfim... Que pretensão! Eu, um simples estudante, ainda tinha tanto chão pela frente, e nem sabia para que rumo a vida me levaria.
     Sou de um tempo em que publicar um poema, parece brincadeira em se tratando em dias atuais, mas publicar um poema era muito difícil. Hoje, confesso que fico até um pouco assustado com tamanha facilidade. Sei da importância de um poema quando vem à baila, e da imprescindível atitude do poeta quando resolve publicá-lo. Eles (os poetas) são os médicos das almas. E quantas vezes fui salvo por poetas e seus poemas maravilhosos quando lia, relia, confabulava, e procurava entender seus textos.
     Ler um poema é deixar a comunicação fluir entre ambos, nessa trempe incrível que são: emissor, quem emite a mensagem, isto é, o poeta; receptor, quem recebe a mensagem, ou seja, o leitor e o veículo da mensagem que é o poema.
     Resolvi contar essa história para que o amigo soubesse da importância em publicar um texto. Você pode salvar uma vida, como diria um amigo meu, ou contribuir para o aparecimento, quem sabe, de um novo escritor, como foi o meu caso. Só me resta agradecer a poeta Renata Jatobá, pela feliz ideia de ter publicado. Obrigado.


BAILADO NO INFINITO

Neste canto deste mundo
Minha alma, lá no fundo,
Tem desejo de voar.

Sou sozinho, tão sozinho!
Sou aquele passarinho
Com desejo de voar.

Subir, sumir desta TERRA!
Atravessar a estratosfera
Com poder de flutuar!

Sorrir, rolar no infinito,
Num bailado tão bonito,    
Sem desejo de voltar!

                                      Renata Jatobá

sábado, 3 de agosto de 2013

SOBRE POEMAS

     O soneto "GUARDIÃO DA RUA" foi um daqueles temas que estavam sempre ali, a meu dispor, tão próximo... Mas que ninguém percebia, nem este poeta, por incrível que possa parecer! Já que os poetas costumam enxergar coisas onde ninguém mais consegue notar. Era um poste. Um velho e querido poste a luzir por tanto tempo a rua da minha infância.
     Um belo dia, ao chegar do trabalho, deparei-me com meu bairro sem luz, pois estavam trocando os postes da rua, e logo ele, ali, na frente do beco onde moro, estava sendo substituído por outro. Foi quando pude notar a sua importância, fiquei-lhe grato por seu serviço nesse tempo todo. E que tempo, hein! Aquele poste havia atravessado décadas, presenciado fatos, ouvido conversas, notado a minha felicidade nos dribles desconcertantes nas peladas, visto o progresso chegar, quando a rua da minha infância se emperiquitou toda, ao colocar seu vestido negro de gala, convivido, de certa forma, com a gente!
     Coube a mim, eternizá-lo num poema! Acho que seria o mínimo que, na minha condição de poeta, poderia fazer para guardá-lo na lembrança. Hoje em dia, o poste virou um soneto a luzir sempre que, como ledor de poemas o leio, e aqui, neste blog, vai criar asas e brilhar em outras freguesias, mentes.



     GUARDIÃO DA RUA

     Poste da minha infância tão querida!
     És como um guardião a guardar a rua!
     Quantas vezes por ti, a minha vida
     esbarrou na gigante altura tua!

     Meu nobre, imenso imitador da lua,
     qual uma esfinge inerte, esmaecida,
     verticalmente nesta... feito pua,
     a sangrar minha vida dolorida!

     Quanto tempo perdurará intacto,
     causando, se possível, até impacto,
     por vê-lo assim, passar quase que imune?!

     Ao passarem por ti, ninguém percebe,
     do carinho que tu poste, recebes,
     e das reminiscências que reúnes!

                                            Miguel de Souza