domingo, 30 de outubro de 2022

13 NELES

Eu não consigo entender, meu povo,
depois de quatro anos nesse mico, 
sendo humilhado pelo tal milico,
ainda há quem vota nele de novo.

Eu sei, alguns pediram penico,
cansaram de comer salsicha, ovo;
esses daí, tem todo o meu aprovo.
Falo desses que fingem ser rico 

e acham que esse governo é pra eles!
Portanto, oh meu povo, 13 neles!
Vamos votar, voltar à situação...

Honrar aquela frase da bandeira 
desta imensa nação brasileira.
Voltar a ser de novo DIGNA NAÇÃO.

Miguel de Souza 

segunda-feira, 18 de julho de 2022

MOTE E GLOSA

Eu tô que não vejo a hora
da pandemia acabar.

Já chega de ter na cara, 
tapando boca e nariz,
essa peça que eu não quis
de jeito nenhum na cara.
Hoje o mundo se depara 
com a peça sem parar.
Quando tudo vai passar?
A pergunta faço agora!
Eu tô que não vejo a hora 
da pandemia acabar.

Miguel de Souza 

domingo, 10 de julho de 2022

POSSÍVEL SONHO

Ando do lado oposto aos que se acham...
Aos que criticam, julgam todos, tudo.
Como se fossem insensíveis, rudos,
agem. E de beócio eles nos tacham.

Ando contrário a esses que o bico racham,
zombando de todos por serem mudos!
Iludir outros com falácia não iludo,
porque marcho para onde todos marcham.

Ando com os pés frágeis desse jeito, 
pagando o preço caro pelo feito
de ter posto no poder um dos nossos!

Ando com a esperança dessa volta, 
contra a realidade que revolta,
mas ao menos sonhar, acho que posso!

Miguel de Souza 

domingo, 3 de julho de 2022

O MENINO E O TEMPO

Um dia desses eu tive um sonho,
um sonho desses que já não se sonha mais... 
Um dia desses eu me senti menino.
Eu subi na árvore e fiz travessuras.
Um dia desses eu fiquei mais velho.
Eu desci da árvore. Eu deixei de sonhar.

Manoel Assis 


Discorrendo sobre o poema:

Vejo neste poema a árvore como metáfora da própria vida. Quando o poeta diz: "Eu me senti menino." Isto nada mais é do que o ato de nascer, de sentir o peso da matéria e alarmar ao mundo num choro, pedindo leite! "Eu subi na árvore e fiz travessuras.", em outras palavras: eu embarquei nesse transporte que é a vida. E fica nítida a ideia do poeta quando ele diz "e fiz travesduras", ora, senhores, quem faz travessuras, a não ser a criança? E o poema é duro e cruel como é a vida: "Um dia desses eu fiquei mais velho". Passagem do tempo, passagem da vida... em tão belos versos o poeta fala da velhice de uma forma tão doce que chega a emocionar! "Eu desci da árvore,". Eu deixei, por fim, esse meio de transporte que é a matéria, não se esqueçam que árvore e corpo são feitos da mesma matéria-prima, a terra. "Eu deixei de sonhar". A morte propriamente dita. O poeta não morreu, deixou de sonhar. Ora senhores, o poeta ameniza as dores da vida de uma forma tão romântica que chega a nos deliciar num ato tão dolorido para todos que é a própria morte.


domingo, 26 de junho de 2022

HAICAI-ACRÓSTICO

Cheiro muito forte
Invade o nariz do cão. 
Olor: sexo à vista!

Miguel de Souza 

P.S:. Haicai-acróstico é uma ideia minha que une dois tipos de textos. O haicai e o acróstico. Para quem quiser se aventurar nesse exercício, fiquem à vontade. Acho que vale a pena o desafio.

sábado, 4 de junho de 2022

COMO NASCEM OS SONHOS

Assim como Nascem as estrelas
e o que germina latente 
entre o líquen e o húmus 
e que será amanhã 
flor e fruto. 

Assim como Nascem as borboletas 
e o que gesta em casulo 
entre o breve e o sempre 
e que será amanhã 
belo e azul. 

Assim como Nascem as árias 
e o que busca em silêncio 
entre o  verbo e o verso 
e que será amanhã 
livre e livro. 

Assim como Nascem as emoções 
e o que plasma em amor 
entre o coração e a alma 
é o que será amanhã 
água e luz. 

Assim nascem os sonhos...

Nelson Castro 
In: A Quinta Estação 
P.191 

domingo, 29 de maio de 2022

Análise de poema

MUSA DO POETA

Sob um olhar distinto
faz-se um poeta.
Quebra a vidraça nata
de um ser desprendido.

Viaja sobre asas de luneta
com sua musa nua, crua
de essência
Busca elementos e a cada fragmento
vai compondo-a de alma, de vida.

É hora,
o canto é de liberdade
seu destino pousar na sensibilidade 
daqueles que têm sede ávida. 

E agora,
não existe mais medo retido,
desperta na aura um sorriso
de um êxtase rítmico. 

Gracinete Felinto

ANÁLISE 

O poema "MUSA DO POETA" se encaixa dentro da proposta modernista. Pois são versos de forma não fixas, isto é, livres: que não contém métricas. E brancos: que não contém rimas. A temática proposta pela poetisa é sobre o fazer poético ou do metapoema que trata da própria construção poética. Foi agrupado em quatro estrofes, sendo que a segunda estrofe contém seis versos e as demais são estâncias de quatro versos. A partir do título, a poetisa cria ou reinventa, já que aos olhos comuns, a musa do poeta é a mulher amada, desejada e tão inalcançada pelo poeta! Cria, portanto, a partir daí, a grande metáfora que irá perpassar todo o poema. Isto já é o suficiente para detectarmos poesia neste "Musa do poeta". Os dois primeiros versos, "Sob um olhar distinto/faz-se um poeta. (...) é o introito necessário para surpreender o leitor que se submete às análises mais críticas em prol dos estudos ou do seu conhecimento singular. Lembrando que o artigo no segundo verso está indefinido, /UM poeta/. Há nisso tudo aquela comunicação extra que dizem se tratar de entrelinhas, a poeta, muita sabiamente, deixa aí o seu ponto de vista, a sua ótica do que seria um poeta para ela. Ainda sobre os dois primeiros versos, "sob um olhar distinto / faz-se um poeta" (...) O poeta é aquele que extrai das coisas da vida a sua matéria prima, digamos assim, para o seu labor poético, enxerga coisas impossíveis a "seres normais" enxergarem e que estão aí tão à mercê de todos. E segue nos dois versos seguintes: "quebra a vidraça, nata  / de um ser desprendido." Reforçando a ideia do início do poema. A segunda estrofe ou estância, como queiram, é talvez, a mais importante do poema, porque é nela que o poeta insere o seu momento ápice, o cimo; é o arremate dos primeiros versos, em que a poetisa conceitua ou insinua a prática descrita. É de uma beleza ímpar: "Viaja sobre asas de luneta / Com sua musa nua,  crua / de essência / busca elementos é a cada fragmento / vai compondo-a de alma / de vida. (...) É a pura vivência transfigurada em palavras. A terceira estrofe surge como aquele momento em que a poeta sorveu as experiências necessárias, para enfim, deitá-la ao plano. O segundo verso dessa terceira estrofe: "O canto é de liberdade." É denunciador do momento atual que vivemos na literatura. Por fim, chegamos ao desfecho do poema. Nos dois últimos versos denota-se a sua existência palpável, pegável como uma caneta ou um copo. " desperta na aura um sorriso / de um êxtase rítmico.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

domingo, 22 de maio de 2022

chapéu

                     Para Eucanaã Ferraz 

antes do chapéu pousar 
em cima da minha cabeça...
ele, o chapéu alça voo 
de dentro dela... para o pouso.

ah, e, antes que eu me esqueça:
o chapéu que se materializa 
em cima da minha cabeça,
sem soo... para o repouso...

é o mesmo chapéu de antes...

e, por mais que o sol o aqueça, 
a minha imagem o eterniza...
e o chapéu se desespiritualiza 
em cima da minha cabeça. 

cantá-lo qual Eucanaã, ouso.


Miguel de Souza