sábado, 31 de dezembro de 2016

ALGUNS HAICAIS SOBRE A CHUVA.

Essa chuva me ilha
em casa. Corta-me as asas,
interrompe a trilha!
         
             ***

O céu todo cinza:
A chuva sem fazer curva,
na manhã ranzinza.

            ***

Pingo, pingo, pingo...
A chuva, a vista turva!
manhã de domingo.

           ***

Na tarde chuvosa:
As flores com suas cores...
Qual a mais viçosa?

          ***

Na sexta molhada,
o asfalto reflete a imagem
da jovem passante.

Miguel de Souza

sábado, 24 de dezembro de 2016

SOBRE O NATAL

É NATAL!
                                                                                                      
É Natal! E junto a ele, a falsidade
dos que fingem, ao menos, por um dia,
numa atitude tanto quanto erradia,
uma falsa e sem lógica amizade!

Mas é Natal! Eu sei, é bem verdade!
Há mais de dois mil anos Jesus nascia,
vindo aqui sem nenhuma regalia,
morrer por nós, em plena mocidade!

É Natal! Queimam fogos de artifícios,
e o Menino naquele sacrifício,
correndo risco de perder a vida!

Mas é Natal! Há festas, guloseimas,
e o homem: cabeça dura, sempre teima,
nessa atitude tanto indevida!

Miguel de Souza



domingo, 18 de dezembro de 2016

SOB ENCOMENDA

Fernanda e Aurélio se casaram no domingo dia 11. E para celebrar esse momento tão bonito, compus este soneto a pedido da noiva, lido por mim no casamento.

                                                      EPITALÂMIO

O belíssimo passo do casamento,
com ternura e com toda finesse,
pra recamar com amor essa messe,
é dado com louvor nesse momento.

E que o casal que por hora se casa,
possa atravessar mesmo todas
as possíveis e as impossíveis bodas,
que um duradouro casamento passa.

E, logo após, às bodas de prata,
pelos vinte e cinco anos de namoro,
de harmonia fiel e radiante!

Como duas pessoas sãs e gratas:
celebrarão também as bodas de ouro,
e consequentemente as de diamante!


Miguel de Souza 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

15 de dezembro - Dia do Jardineiro.

Meus parabéns a esses profissionais que embelezam as praças, jardins e o espaço físico das empresas, condomínios, etc...

Alguns haicais sobre o Jardineiro.

Entre tenras flores
Jardineiro e Colibri
sorvem aroma e néctar.



Na rega das plantas
pequeno arco-íris dá
o ar de sua graça.

No ir e vir sem trégua,
a grama, maquinalmente,
exala perfume.

Verde novo na
grama. Ver de novo a grama
com seu verde novo.

Com arte e talento
o Jardineiro-Artesão
poda suas plantas.

Miguel de Souza

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

ENTRE POETAS

Deu sua passagem um grande brasileiro, como diria Paulo Autran. Ferreira Gullar, ao que me parece entendeu bem o que é ser um fingidor, pois sua obra plena de criatividade refletiu e reflete na pele as mazelas deste povo tupiniquim.

POEMA BRASILEIRO

No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade

Ferreira Gullar
in: Dentro da noite veloz


GULLAR MORTO

Você não foi como a poesia,
que segundo você mesmo: não fede nem cheira.
Você fedeu!
Fedeu nas narinas daqueles que cheiravam rosas.
Fedeu nas mãos dos que atiraram a bomba suja.
Mas fedeu, principalmente, no coração dos homens maus.

Você disse e soube dizer...
E quando calado, seu jeito de calar foi a maneira
que encontrou de regurgitar palavras,
de transbordar verbos.
Seu setembro de flores úteis,
seu agosto sem Rimbaud,
suas tardes de maio de urina e terror,

refletem verdades absolutas de poesias e compromissos.

Hoje, 4 de dezembro de 2016, dia de Santa Bárbara,
morreu um homem (in)comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e um dos maiores Poetas que esta terra já deu!
Adeus, Gullar.

Miguel de Souza


*Caricatura compilado do blog de Flavio Luiz cartunista.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ENTRE POETAS

O MOSQUITO

O mundo é tão esquisito:
Tem mosquito.

Por que, mosquito, por que
Eu... e você?

Você é o inseto
Mais indiscreto
Da criação
Tocando fino
Seu violino
Na escuridão.

Tudo de mau
Você reúne
Mosquito pau
Que morde e zune.

Você gostaria
De passar o dia
Numa serraria -
Gostaria?

Pois você parece uma serraria!

Vinicius de Moraes


O MOSQUITO (AEDES AEGYPTI)

O mundo é tão esquisito!
Tem Aedes Aegypti.

Por que Aedes Aegypti?
Por que adoecer?

Você é o inseto,
Mais temido,
Desse inverno.
Picando a tez,
De uma só vez...
Pavor eterno!

Tudo de ruim,
Você une...
Mosquito, tez
Que pica e pune.

Você gostaria
De passar o dia
Numa pele macia -
Gostaria?

Pois você adora uma pele macia.

Miguel de Souza