sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

MANHÃ DE NATAL

Inspirado no soneto "Noite de Natal" de João Henriques da Silva.

É manhã de Natal! Silêncio treina
após a trápala da noite imensa...
O que há agora como recompensa?
Uma falsa paz que na terra reina!

É manhã de Natal! O fogo queima o
coração dos homens de forma intensa,
pela prática dessa vil ofensa,
que o homem todo ano pensa, tenta, teima!

É manhã de Natal! Nasceu Jesus
revestido de amor, paz, brilho, luz...
Numa pequena manjedoura em Belém.

É manhã de Natal! Em toda parte,
o presépio é representado co' arte!
Mas ninguém compreende nada! Ninguém!

Miguel de Souza

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

CURIOSIDADE LITERÁRIA

Na crônica “Dívida para com o Peixe Vivo”, do livro Andorinha, Andorinha, Bandeira conta como o poema “A Estrela” surgiu a partir da canção popular Peixe Vivo, uma das preferidas do presidente Juscelino Kubitschek: “Como pode o peixe vivo/Viver fora da água fria/Como poderei viver/Sem a tua companhia”. E Bandeira continua: “Letra e toada são lindas. Creio não exagerar dizendo que considero a divulgação do Peixe vivo como um dos maiores serviços prestados ao Brasil pelo presidente Juscelino. A primeira vez que ouvi cantá-lo foi na casa do meu saudoso primo José Cláudio. Pedro Nava atuou como corifeu e me lembro que Vinicius de Moraes estava presente; cada um de nós teve de improvisar sua quadrinha. Nava cantou: ‘Nas areias de Loanda/Dirceu chora noite e dia/Desde que sentiu perdida/ Tua doce companhia”. Vinicius secundou: “A minha alma chorou tanto/Que de pranto está vazia/Desde que eu fiquei sozinho/Sem a tua companhia”. Depois foi a minha vez e eu desafinei: ‘Vi uma estrela tão alta!/Vi uma estrela tão fria!/Estrela, por que me deixas/Sem a tua companhia”. Imediatamente entrei em transe e os dois primeiros versos da quadra germinaram posteriormente no poeminha “A Estrela”, que figura na Lira dos Cinquent’Anos e é dos que me inspiram maior ternura de pai. A célula do Peixe vivo está visível na terceira estrofe: “Por que da sua distância/Para minha companhia/Não baixava aquela estrela?/Por que tão alto luzia?”.




 A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta.
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela tão sozinha
Luzindo no fim do dia.

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do dia.

               Manuel Bandeira





domingo, 13 de dezembro de 2015

INTERAÇÃO

Uma interação feita na página da grande Poeta Rose Galvão, no Recanto das Letras. Assim que terminei a leitura do soneto, compus: "Em Estado de Poesia", por ter gostado muito do poema da Rose.
Obrigado pela publicação no Recanto.

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Agradecendo a lindíssima interação do poeta Miguel de Souza. Obrigada Mil vezes poeta! Muito lindo!

EM ESTADO DE POESIA

Invade-me este seio a dor que agora,
vem e me abala feito um choque forte;
a deixar-me adjacente à própria morte,
e só termina quando fores embora!

Quando sumires pela vida em fora,
e tomares assim teu rumo norte,
e, com isto, sarares este corte,
pela tua ausência aqui nesta hora!

Enquanto não... A vida é um tormento,
pela tua presença em todo momento,
nas horas infindáveis do meu dia!

Sofro de angústia por ver-te, donzela:
tão linda, e meiga, e gata e toda bela!
Em pleno estado de poesia!


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SENHORA DA CONCEIÇÃO














Toda vez que, ao passar defronte à praça,
Contemplo aquela imagem sempre linda,
Da Santa envolta em luz, na berlinda...
A abençoar, quem por ali, sempre passa.

A Vossa imagem cheia de brilho, graça;
Há de continuar pra todo o sempre ainda,
Abençoando de maneira infinda,
Essa gente, esse povo e toda essa raça!

Toda vez que, ao passar no 609,
A imagem dessa Santa me comove,
E contemplo-A com fé e devoção...

Porque sei que também sou abençoado,
E que Jesus atende ao Vosso rogado, Oh,
Virgem Senhora da Conceição.

                                        Miguel de Souza