sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O PATARRÃO



Lembro de tantas personagens, tantas!
Que preencheram minha doce infância...
Não se perderam em meio à distância,
E, revisitam-me minha mente... Oh, quantas!

O “Patarrão:” – Êta velho sacripantas!
Morava de aluguel em uma estância,
Sobressaia-se em meio à concamitância
Daqueles que afrontavam sua santa

Paciência por causa dessa alcunha!
Aí, ninguém, ao menos, supunha
Das loucuras de que ele era capaz:

Certa feita, correu atrás de mim,
Como um habilidoso espadachim,
Culpando-me por ser um tanto falaz.

                               Miguel de Souza

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ana Zélia da Silva (16.11.1943 - 16.10.2017)



PERFIS

Da performance da atriz
que nos palcos está em voga,
da advogada que não advoga
pelos cantos do país.

Da mulher que nunca joga
e sempre soube o que diz,
da locutora de folga
retrato aqui seus perfis.

Da poetisa aguerrida
pelas coisas da Amazônia:
-um símbolo em nossas vidas!-

Um exemplo de coragem, e
como todo vate sonha,
a Ana Zélia esta homenagem.

Miguel de Souza
In: Poemais
P. 53

P.S. A minha gratidão sempre a Ana Zélia da Silva, ela que surfava nas ondas sonoras de uma rádio, divulgando os valores da terra no seu Momento Poético. Quanta saudade!


TRAVESSIA DA POETA

O barco chegou.
A poeta atravessou.

Mas antes cantou
a última canção:

Uma balada emotiva
de sonora comoção.

Celebrou a vida.
No badalar do coração.

O barco chegou...

Gadi

*Homenagem do Gadi ao saber do passamento da poetisa.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

MILAGRES DE NOSSA SENHORA APARECIDA

                                                
                                                                                                                                                  







A LIBERTAÇÃO DO ESCRAVO ZACARIAS

O escravo Zacarias parte em fuga,
Por achar esquisita a sua vida;
E é capturado logo em seguida,
Por seu senhor que o prende e o subjuga.
                 
Mas quando, ao ser levado de volta,
Passaram próximo da capelinha,
Ele pediu pra junto à imagenzinha,
Apesar de ser vítima de escolta,

Rezar com sua fé na Virgem Santa.
A fé em Nossa Senhora foi tanta,
Que as correntes e argolas que ele tinha,

Romperam-se e quedaram-se aos seus pés!
Seu senhor deu-lhe a sua liberdade,
E Zacarias, um dos filhos mais fiéis.


O pequeno mendigo paralítico

A imagem da Virgem Santa: Nossa
Senhora da Conceição Aparecida,
Diante daquela gente tão sofrida,
que se acotovelavam a Vossa

presença, ávidos por um milagre;
parece exercer algum fascínio,
por internalizar em seus escrínios,
curas a quem o povo Vos consagre!

Pois, veio de Barra Mansa a notícia,
De um menino quase paralítico,
Que ouviu o conselho de um missionário.

Envolto no apogeu de suas primícias,
Tendo na Virgem Santa, algo mítico,
O mesmo foi curado com o novenário.


 A menina esfaqueada

A imagem da Santa estava esposta,
E vinha todo dia rezar uma menina,
Que tinha sido péssima a sua sina,
Pois, fora vítima de uma ira posta a

Ela, por um imigo de seu pai!
Que, com ares maldosos, assassinos,
Mudara o curso do seu destino,
transformando sua vida num grande ai!

Um dia, pede à sua mãe uma moeda,
Para depositar ao pé da imagem,
Impossível para alcançar a altura!

Com fé, e sem temer aquela queda,
A menina vestiu-se de coragem,
E ofertou-a à Santa. E obteve a cura!


Diante de uma onça feroz

Este fato narrado por carta,
Ocorreu na Fazenda das Araras:
Tiago Terra que por lá andara,
E de Nossa Senhora não se aparta,

Foi surpreendido por uma feroz
Onça, que atravessou seu caminho;
Sem armas e, sem forças e, sozinho...
Só lhe restou recorrer-vos a Vós!

E deu um grito forte de socorro:
– Valha-me, minha Mãe Aparecida!
Que a onça assustada saiu à direita,

Deixando Tiago ileso, num modorro,
Agradecendo à Santa pela vida,
Por ser até hoje pessoa escorreita!


A serra elétrica parou milagrosamente

Dos milagres de Nossa Senhora,
Esse foi mais um feito nessa terra:
De ter parado a elétrica serra,
No exato instante, em cima da hora

De decepar o braço do Seu José.
Que estava a fazer um reparo,
Sem saber que custava tão caro, e
Foi salvo, dessa forma, pela fé!

Pois ele ficou com o braço preso,
Mas saiu daquilo tudo são, ileso,
P’la fé depositada em Nossa Senhora.

E naquele momento de perigo,
Clamou à Nossa Senhora Aparecida! E digo
Que ele foi atendido nessa hora!
            
 Sentiu um toque sobrenatural e ficou curada

Desenganada pela medicina,
Recolhida, imóvel, ao seu leito,
Sua vida não teria outro jeito,
Era mesmo de dar dó sua sina!

Foi quando teve a ideia de pagar
Uma promessa feita, e não cumprida!
A Nossa Senhora Aparecida,
E ir à Vossa capela visitar.

Após longo tempo de muita reza,
Como uma devota que se preza.
Sentiu um toque sobrenatural!

Com muito esforço conseguiu mover-se,
Daí a pouco, por completo, locomover-se,
Afastando de si aquele mal!

Miguel de Souza




sábado, 7 de outubro de 2017

DOMINGO

                                                                                             
Domingo não é dia de feira.
É dia de fazer feira.
Dia de feira é de segunda a sexta.
Exceto o sábado, é claro.


                         Miguel de Souza