Não senhores, o tempo não é de festas,
nem de orgias, de bares, bebedeiras;
de falsas alegrias, brincadeiras...,
de tudo aquilo que o SENHOR detesta.
Essa maléfica ânsia que se manifesta
e se esparrama pela terra inteira
tem causado no homem certa cegueira,
e, sem deixar sequer nenhuma fresta,
para enxergar a verdadeira causa.
Bem, por aqui, façamos uma pausa
para nossa melhor reflexão...
É preciso continuar em casa,
aposentar, por enquanto, nossas asas,
para que nosso voo não seja em vão!
Miguel de Souza
domingo, 31 de maio de 2020
domingo, 17 de maio de 2020
SINTOMA
Paráfrase de "Pneumotórax", de Manuel Bandeira.
Febre, falta de ar, pressão no peito.
Os mesmos sintomas que a terra sente
quando o homem degrada
a natureza, o homem
está sentindo.
Tosse, tosse, tosse.
Pedir perdão a Deus!
Prometer não mais agredir os animais,
não jogar embalagens de bombom
no chão ou algo parecido...
O homem tem quarenta dias
para ficar em casa, enquanto ocorre
desencarnação em massa!
Após essa quarentena, ficará em
observação por 180 dias.
Se acaso não mudar o comportamento
nesse ínterim, será o caos!
Miguel de Souza
Febre, falta de ar, pressão no peito.
Os mesmos sintomas que a terra sente
quando o homem degrada
a natureza, o homem
está sentindo.
Tosse, tosse, tosse.
Pedir perdão a Deus!
Prometer não mais agredir os animais,
não jogar embalagens de bombom
no chão ou algo parecido...
O homem tem quarenta dias
para ficar em casa, enquanto ocorre
desencarnação em massa!
Após essa quarentena, ficará em
observação por 180 dias.
Se acaso não mudar o comportamento
nesse ínterim, será o caos!
Miguel de Souza
domingo, 10 de maio de 2020
DIA DAS MÃES
"Eu vi minha mãe rezando
aos pés da Virgem Maria
era uma Santa escutando
o que a outra santa dizia."
Alziro zarur
Desde quando era menino,
no meu tempo de moleque,
a infância abria seu leque,
no passar bem repentino.
Desenhava-se o destino
do guri perambulando,
da velha bola chutando,
sem ainda haver procela.
e diante de uma vela,
eu vi minha mãe rezando.
Não tinha melhor imagem
que coubesse numa tela,
do que esta imagem tão bela
de minha mãe... Da mensagem
que trazia certa dosagem
de crença e sabedoria.
E, na feição dela, lia
algo que tocava a alma,
ao vê-la com fé, com calma,
aos pés da Virgem Maria.
Ereta sobre uma mala
com suas mãos sempre postas,
Ela trazia a proposta
que ainda hoje não se cala.
Trazia firme na fala
como quem ia ciciando...
em orações sempre orando,
pra que uma Santa escutasse,
o que a outra santa falasse!
Era uma Santa escutando.
Ainda trago no tino,
a imagem daquela cena:
daquela santa morena
do meu tempo de menino.
Da vida, no vespertino
já estou desse grande dia!
E aos pés da Virgem Maria,
ainda hoje sempre rezando,
contemplo a Santa escutando,
o que a outra Santa dizia.
Miguel de Souza
aos pés da Virgem Maria
era uma Santa escutando
o que a outra santa dizia."
Alziro zarur
Desde quando era menino,
no meu tempo de moleque,
a infância abria seu leque,
no passar bem repentino.
Desenhava-se o destino
do guri perambulando,
da velha bola chutando,
sem ainda haver procela.
e diante de uma vela,
eu vi minha mãe rezando.
Não tinha melhor imagem
que coubesse numa tela,
do que esta imagem tão bela
de minha mãe... Da mensagem
que trazia certa dosagem
de crença e sabedoria.
E, na feição dela, lia
algo que tocava a alma,
ao vê-la com fé, com calma,
aos pés da Virgem Maria.
Ereta sobre uma mala
com suas mãos sempre postas,
Ela trazia a proposta
que ainda hoje não se cala.
Trazia firme na fala
como quem ia ciciando...
em orações sempre orando,
pra que uma Santa escutasse,
o que a outra santa falasse!
Era uma Santa escutando.
Ainda trago no tino,
a imagem daquela cena:
daquela santa morena
do meu tempo de menino.
Da vida, no vespertino
já estou desse grande dia!
E aos pés da Virgem Maria,
ainda hoje sempre rezando,
contemplo a Santa escutando,
o que a outra Santa dizia.
Miguel de Souza
domingo, 3 de maio de 2020
ENTRE TEXTOS
Velhas Árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem.
Olavo Bilac
Papel
Para Olavo Bilac
Sê como aquelas árvores antigas,
impolutas à beira do caminho,
recebendo do vento tal carinho,
e oferecendo sombra a quem se abriga.
Ou companhia ao ser sempre sozinho,
a transitar por entre elas, amigas,
as árvores tão boas quanto antigas,
a esparzirem caridade p'lo caminho.
Sê como elas, benéficas ao mundo,
ao saciar a fome do moribundo.
A reinar sobre a terra e sob o céu!
E mesmo empós, da serra, a ouvir-lhe o ronco,
a podar-lhe rés a terra pelo tronco,
mesmo empós, ela cumpre o seu papel!
Miguel de Souza
In:. Poemais
P:.25
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem.
Olavo Bilac
Papel
Para Olavo Bilac
Sê como aquelas árvores antigas,
impolutas à beira do caminho,
recebendo do vento tal carinho,
e oferecendo sombra a quem se abriga.
Ou companhia ao ser sempre sozinho,
a transitar por entre elas, amigas,
as árvores tão boas quanto antigas,
a esparzirem caridade p'lo caminho.
Sê como elas, benéficas ao mundo,
ao saciar a fome do moribundo.
A reinar sobre a terra e sob o céu!
E mesmo empós, da serra, a ouvir-lhe o ronco,
a podar-lhe rés a terra pelo tronco,
mesmo empós, ela cumpre o seu papel!
Miguel de Souza
In:. Poemais
P:.25
MOTE E GLOSA
Ao assistir a "Live" do Geraldo Amâncio, grande poeta-cantador. Colhi um mote de sua autoria que achei muito interessante: "É melhor se isolar e ficar vivo./ Sem o vírus a gente vive mais." vejam só como ficou a minha glosa:
"Com essa pandemia que hoje assola,
os rincões mais longevos do planeta...
Não é mentira, patranha, não é peta,
e está matando muito mais que o Ebola.
O vírus que da China ao mundo se evola,
tirando do Brasil a santa paz!
Terror ao coração de tantos traz:
A quem desobedece o Deus que sirvo.
É melhor se isolar e ficar vivo.
Sem o vírus a gente vive mais.
Miguel de souza
"Com essa pandemia que hoje assola,
os rincões mais longevos do planeta...
Não é mentira, patranha, não é peta,
e está matando muito mais que o Ebola.
O vírus que da China ao mundo se evola,
tirando do Brasil a santa paz!
Terror ao coração de tantos traz:
A quem desobedece o Deus que sirvo.
É melhor se isolar e ficar vivo.
Sem o vírus a gente vive mais.
Miguel de souza
sábado, 1 de fevereiro de 2020
alguns dizeres sobre o meu poema: provento.
sou
sol
do
sol
do
sol
da
do
Ps: sou soldo, sol do soldado. A palavra soldo tem o mesmo significado da palavra provento, o título do poema. Ambos significam salário. No poema, esse EU implícito no verbo ser: EU sou, significa nada mais que Deus. Ora, se Deus é natureza, no poema Ele (Deus) é o sol. E o soldado, neste sentido, significa o homem na sua labuta diária. Enquanto estiver sol, isto é, Deus. O homem trabalha em busca do seu pão de cada dia. Isto é, seu salário. Dentro de uma perspectiva mais ampla, o homem vive a vida em busca da salvação. A maneira que ele (o homem) busca essa salvação, é uma outra conversa, não cabe aqui essa explanação. Num reforço à ideia central do poema, acrescentaria no seu final o verbo SOU novamente. Ficaria assim:
sou
sol
do
sol
do
sol
da
do
sou
Em prosa: sou soldo, sol do soldado, sou.
sol
do
sol
do
sol
da
do
Ps: sou soldo, sol do soldado. A palavra soldo tem o mesmo significado da palavra provento, o título do poema. Ambos significam salário. No poema, esse EU implícito no verbo ser: EU sou, significa nada mais que Deus. Ora, se Deus é natureza, no poema Ele (Deus) é o sol. E o soldado, neste sentido, significa o homem na sua labuta diária. Enquanto estiver sol, isto é, Deus. O homem trabalha em busca do seu pão de cada dia. Isto é, seu salário. Dentro de uma perspectiva mais ampla, o homem vive a vida em busca da salvação. A maneira que ele (o homem) busca essa salvação, é uma outra conversa, não cabe aqui essa explanação. Num reforço à ideia central do poema, acrescentaria no seu final o verbo SOU novamente. Ficaria assim:
sou
sol
do
sol
do
sol
da
do
sou
Em prosa: sou soldo, sol do soldado, sou.
domingo, 26 de janeiro de 2020
ENTRE TEXTOS
Évora
Évora! Ruas ermas sob os céus
cor de violetas roxas... Ruas frades
pedindo em triste penitência a Deus
que nos perdoe as míseras vaidades!
Tenho corrido em vão tantas cidades!
E só aqui recordo os beijos teus,
e só aqui eu sinto que são meus
os sonhos que sonhei noutras idades!
Évora!... O teu olhar... o teu perfil...
Tua boca sinuosa, um mês de Abril,
que o coração no peito me alvoroça!
...Em cada viela um vulto dum fantasma...
E a minh'alma soturna escuta e pasma...
E sente-se passar menina e moça...
Florbela Espanca
In: Reliquiae (1931)
Nihil novum
Na penumbra do pórtico encantado
de Bruges, noutras eras, já vivi;
vi os templos do Egito com Loti;
lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.
No horizonte de bruma opalizado,
frente ao Bósforo errei, pensando em ti
o silêncio dos claustros conheci
pelos poentes de nácar e brocado...
Mordi as rosas brancas de Ispaã
e o gosto a cinza em todos era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,
triste, a florir, numa ansiedade vã!
Sempre da vida - o mesmo estranho mal,
e o coração - a mesma chaga aberta!
Florbela Espanca
In: Reliquiae (1931)
De Évora a Bósforo
Entre dois sonetos
Frente ao Bósforo eu também errei...
Provindo de Évora, erma cidade,
com ermas ruas onde a felicidade
abriu-me os braços para o amor... e eu amei!
Tê-la nos braços... tudo que sonhei...
Pesar mesmo de minha pouca idade,
e de adentrar as portas da vaidade:
rua roxa que, de salto, derrapei!
Na ausência de um isqueiro. Pego um fósforo
p'ra alumiar a frente de Bósforo,
mas o horizonte agora o ilumina...
E, nessa mesma rua erma de outrora,
em que a via desfilar. A vejo agora:
- só que não és mais aquela menina!
Miguel de Souza
Évora! Ruas ermas sob os céus
cor de violetas roxas... Ruas frades
pedindo em triste penitência a Deus
que nos perdoe as míseras vaidades!
Tenho corrido em vão tantas cidades!
E só aqui recordo os beijos teus,
e só aqui eu sinto que são meus
os sonhos que sonhei noutras idades!
Évora!... O teu olhar... o teu perfil...
Tua boca sinuosa, um mês de Abril,
que o coração no peito me alvoroça!
...Em cada viela um vulto dum fantasma...
E a minh'alma soturna escuta e pasma...
E sente-se passar menina e moça...
Florbela Espanca
In: Reliquiae (1931)
Nihil novum
Na penumbra do pórtico encantado
de Bruges, noutras eras, já vivi;
vi os templos do Egito com Loti;
lancei flores, na Índia, ao rio sagrado.
No horizonte de bruma opalizado,
frente ao Bósforo errei, pensando em ti
o silêncio dos claustros conheci
pelos poentes de nácar e brocado...
Mordi as rosas brancas de Ispaã
e o gosto a cinza em todos era igual!
Sempre a charneca bárbara e deserta,
triste, a florir, numa ansiedade vã!
Sempre da vida - o mesmo estranho mal,
e o coração - a mesma chaga aberta!
Florbela Espanca
In: Reliquiae (1931)
De Évora a Bósforo
Entre dois sonetos
Frente ao Bósforo eu também errei...
Provindo de Évora, erma cidade,
com ermas ruas onde a felicidade
abriu-me os braços para o amor... e eu amei!
Tê-la nos braços... tudo que sonhei...
Pesar mesmo de minha pouca idade,
e de adentrar as portas da vaidade:
rua roxa que, de salto, derrapei!
Na ausência de um isqueiro. Pego um fósforo
p'ra alumiar a frente de Bósforo,
mas o horizonte agora o ilumina...
E, nessa mesma rua erma de outrora,
em que a via desfilar. A vejo agora:
- só que não és mais aquela menina!
Miguel de Souza
sábado, 11 de janeiro de 2020
A CARONCHINHA
Há, também, nos escrínios da memória
Desse homem, até então, feliz garoto!
Sem saliência, maldade, não maroto...
Essa figura estapafúrdia, simplória!
A personagem pública e notória
Da minha juventude - trajes rotos!-
A razão do meu medo de garoto
Que fez parte (in) direta dessa história!
Caronchinha, essa louca de pedra!
Ainda hoje meu coração medra,
Só de pensar nessa figura a esmo.
Quando passava, à toa, pela rua,
Imitando o comportamento da lua,
Rindo de todo mundo e de si mesmo.
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