sábado, 14 de janeiro de 2017

POESIAS MEDIÚNICAS

OBRAS PÓSTUMAS

Oh! Mundo tão cruel, tão vil que ignora
As obras póstumas dos mores vates,
Que inundaram os livros com sua arte,
Nos tempos idos que viveram outrora!

Que lição, que mistério encerra agora,
As obras desses grandes baluartes?
Nesse continuar-contínuo sem descartes,
Quando minha cabeça rememora

Os seus poemas feitos em vida...
A mesma inspiração neles contida,
Mas, dirigida para um só tema!

Essa lição que cada vate encerra,
Longe das ventanias desta terra,
Retratados com todo ardor nos poemas.

Miguel de Souza


IRMÃOS DO MUNDO

Irmãos do mundo, a vida continua...
Morrer não é chegar ao fim da estrada.
Da escura noite que julgais o nada
Uma existência nova se insinua...

Após deixar a cova fria e nua
O corpo desgastado na jornada,
Foi que minh'alma de sofrer cansada
Fitou a luz que as mágoas atenua...

Não choreis vossos mortos, não choreis,
Questionando ao Senhor e às suas leis,
Que nos ensinam a viver e a amar.

Não creiais em adeus, nem despedidas,
Pois vossas afeições, as mais queridas,
Aguardam-vos na Luz do grande Lar!...

Vinicius de Moraes (1913-1980)
 In: Jardim de Estrelas, por Carlos A, Baccelli
da Casa e Editora Espírita Pierre-Paul Didier - Votuporanga -SP.

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