domingo, 30 de agosto de 2015

ICONOCLASTA

                                 Para o poeta Miguel de Souza

Subitamente quebra o silêncio.
Apóstrofe do curso e do discurso
o iconoclasta poeta esparge tintas
tintas de poesia pela cidade-cinza
de homens-cinza e de versos-cinza.

Por aperceber-se o icto brusco e drástico
de vê o contraste do que antes
era fonte de suas inspirações
agora agônicas em leito de morte
e a triste sorte dos córregos.

A cidade antes bucólica
agora armação de concreto
de farsa de múltiplas faces
de escândalos de tráfico
de influências, de congruências
de ódio e desgraça.

A cidade já não é mais a mesma.

O poeta entoa seu canto
mesmo que soe maldito
e que nada mais deva ser dito.
Assim mesmo o poeta fidedigno
mantém-se ao ultimato da poesia.

O verso é seu sagrado ofício de todo dia.


                              Nelson Castro

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