Certa vez, ao responder uma pergunta de uma locutora num programa de rádio, falei que o poeta tem que ser salvo pela poesia para tornar-se grande, e que tem que ter gratidão a ela. E ao escrever, escrever com a consciência de que o seu trabalho pode sim, salvar vidas. Quantas vezes fui salvo pela poesia! Quantas vezes, na solidão do meu quarto, me deparei com algum texto de algum poeta distante, que não sabe nem se eu existo, mas salvou a minha vida.
Estou contando isso pelo fato ocorrido na noite de ontem no Largo de São Sebastião, Eu, Nelson Castro e Gracinete Felinto, estávamos no "Tacacá da Bossa", e encontramos por lá Bruna Marinho, uma artista plástica super talentosa. Conversa vai e conversa vem, lá pelas tantas, Bruna falou da nossa importância na vida dela, que ao se sentir sozinha tinha na leitura a companhia ideal...
E sempre lia a nossa antologia, a "Quinta Estação". E a leitura lhe devolvia o prazer pela vida.
Eu que tantas vezes fui salvo, agora juntamente com meus companheiros de geração, passo através da poesia a salvar vidas também. Existem alguns sonhos que não sei se realizarei, como deixar algo que vire um dito popular, do tipo: "a noite é uma criança" ou "a pedra no meio do caminho", alguém que coloque música num poema meu, enfim, são sonhos, apenas sonhos.
Outro dia, Bruno Pantoja um dos mais novos integrantes do CLAM, me afirmou que numa dessas minhas apresentações por aí afora, fui tão contundente que o deixei sem fôlego na plateia. Achei um exagero da parte dele. Mas sei que estava falando a verdade, pois o Bruno não é de lorota.
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