Eu sou o pobre nascido em berço de
ouro;
Eu sou o rico sortido de pobreza;
Eu sou o franco apinhado de Avareza;
Eu sou a honra coberta de desdouro.
Eu sou a camurça revestida de couro;
A alegria travestida de tristeza;
Eu sou o dom desprovido de destreza;
O pote - simulacro de bebedouro -.
Eu sou o fraco que aprendeu a ser tão
forte;
Sou a bússola a apontar o rumo Norte;
Eu sou filho da Pátria? Ou filho da
puta?
Sou a ave que não aprendeu a voar;
Sou o urubu que não sabe planar;
Sou a voz que não cala e ninguém
escuta.*
Miguel de Souza
*Verso de Manoel Assis
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