O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Carlos Drummond Andrade
O filho
Paráfrase do poema “Ser” de
Carlos Drummond de Andrade
Onde está você?
Já tenho seu nome!
Mais um de arcanjo,
Másculo de homem.
Sei que falta a fonte,
Que falta o depósito
Onde derramarei o
Sêmen de propósito...
É longa essa espera!
Tenha paciência,
Um dia nascerá,
Envolto em ciência,
O filho que não fiz.
Mas hei de fazê-lo!
E serei feliz,
Feliz por tê-lo!
O seu nome algum,
Será?... bem, nada
De nome comum,
Como o próprio Miguel.
O seu nome algum,
Será Rafanael.
Miguel de Souza
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