domingo, 14 de maio de 2017

ÀS VOLTAS COM UM POEMA

          Hoje é o dia das mães. Isso me remete a um poema que faz parte da minha vida: "Para Sempre", de Carlos Drummond de Andrade. O primeiro contato que tive com esse poema foi no âmbito escolar. Tocou-me de súbito. Com o correr do tempo fui me esmerando nessa coisa de gostar de poemas, e procurando entender cada vez mais esse gênero literário. E esse poema foi ficando cada vez mais genial na minha ótica.
          Costumo dizer que: "se Drummond não fizesse mais nada depois de tê-lo feito, mesmo assim seria o grande poeta que o foi." Durante um determinado tempo desisti de abordar esse tema, por causa desse texto. Achava que depois de "Para Sempre", tudo o que se dissese, seria bobagem. Até que, numa conversa com a poetisa Ana Zélia, fui convencido a encarar novamente o tema. Foi aí que surgiu o meu soneto "Você é Incrível", onde agradeço à minha mãe pela dor do parto. E tantos outros poemas que compus às mães.
          Segundo minha maneira de lidar com o poema, o poeta ao começar seu texto, não pode,  de maneira alguma, perder em qualidade no verso seguinte. É como se os versos competissem para o êxito do texto. Um bom poema vai sempre ganhando em qualidade até o seu desfecho. É aí que está a genialidade desse texto de Carlos Drummond de Andrade. Ele começa muito bem e consegue manter essa qualidade no decorrer do texto até o seu desfecho. Isso é para poucos. Outro fato que me chamou atenção foi o questionamento, pois Drummond questiona Deus do começo ao fim do texto sobre a morte. (a existência.)

PARA SEMPRE

Por que Deus permite
Que as Mães vão-se embora?
Mãe não tem limite
É tempo sem hora
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba
Veludo escondido
Na pele enrugada
Água pura, ar puro
Puro pensamento
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça
É eternidade
Por que Deus se lembra
-Mistério profundo-
De tirá-la um dia?
Fosse eu rei do mundo
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca
Mãe ficará sempre
junto de seu filho
E ele, velho embora
Será pequenino
Feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

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