sábado, 2 de julho de 2016

GRATIDÃO.


Em 1995, eu era um homem com uma indagação. O que fazer com um número considerável de poemas engavetados? Pois havia chegado o momento de expô-los. Mas de que forma? Foi quando, por acaso, descobri numa estação de rádio, uma voz feminina no comando de um programa sobre literatura chamado “Momento Poético”. Fiquei na escuta, embevecido com aquilo tudo. Lá pelas tantas, a voz feminina se coloca a disposição para divulgar poemas dos ouvintes.
Não acreditei! Era a minha chance, enfim, de expor os meus escritos. Passei uma semana me preparando. O programa era aos sábados. Naquela época, um idiota havia ido à TV expor a imagem de Nossa Senhora Aparecida ao ridículo. Como católico/espírita que sou não poderia deixar passar aquilo em branco, e fiz um poema chamado “Acinte a Nossa Senhora”, juntamente com mais dois poemas rabiscados no papel e levei-os até a rádio.
Com um walkman nos ouvidos, fiquei ouvindo o programa na porta da rádio, esperando o seu término, para enfim, conhecer a dona daquela voz feminina e tão maviosa. Quando terminou o programa, dou de cara com uma senhora loira, de olhos esverdeados, e muito educada. Sentamo-nos ali mesmo, no batente da porta da rádio, ela passou a vista nos meus textos e disse que na semana seguinte leria os poemas.
Aí se deu um fato estranho aos meus ouvidos, porque ela me chamou de poeta! Na semana seguinte fui questionar o porquê daquilo tudo. Segundo eu, era para ela me apresentar como um ouvinte que escreve poemas, e não um poeta! Ela me disse: - E quem escreve poemas o que é? Açougueiro, por acaso! Tive que aceitar essa insígnia que até hoje acho uma responsabilidade muito grande.
Bem, daí em diante foram tantos poemas meus lidos que perdi até a conta. Digo que a Ana Zélia me ensinou o caminho das pedras, me encaminhou ao poeta-compositor Everaldo Nascimento com seus projetos literários. Foi quem me descobriu, por isto sou tão grato a ela.
                                                        

 Leiam o que Ana Zélia falou sobre mim em sua página na Usina de Letras.


No programa “Momento Poético” tinha um espaço: DIVULGANDO OS POETAS DA TERRA.
Muitos foram os que procuraram, entre eles, um fiel, Miguel de Souza. Tímido, chegava na rádio antes das 17h. Hora em que eu chegava para apresentar o programa às 18h. Um dia abri o microfone ao Miguel para que ele falasse alguma coisa, ele simplesmente emudeceu. Fora do ar disse ao Miguel que falar era fácil. Uma técnica apenas. A sós você amarra um fio no alto e vai puxando este fio e a cada puxada você fala bem alto uma palavra qualquer. Conta de 3 a 1 e vai, o medo passa, as coisas são superficiais, tudo tem técnica. Acredito que o poeta deva defender seu trabalho. Hoje vejo Miguel declamando firme, sem papel. O nosso tempo passou, ele é jovem, tem espaço pra assumir. Manaus, 23.01.2010 (Ana Zélia)   

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