A paródia é
uma recriação de textos, geralmente célebres, em tom burlesco, satírico,
humorístico, contestador, crítico, irônico, jocoso.
O excelente
soneto, “As quatro velas” de Dedé Monteiro, vem sendo homenageado pela
criatividade de outros poetas. Eu também resolvi parodiá-lo com o meu “As quatro
estrofes.
Texto-Base:
As quatro velas
Quatro
velas ardiam sobre a mesa,
E falavam da vida e tudo o mais.
A primeira, tristonha: “Eu sou a PAZ,
Mas o mundo não quer me ver acesa…”
E falavam da vida e tudo o mais.
A primeira, tristonha: “Eu sou a PAZ,
Mas o mundo não quer me ver acesa…”
A
segunda, em soluços desiguais:
“Sou a FÉ! Mas é triste a minha empresa:
Nem de Deus se respeita a Realeza…
Sou supérflua, meu fogo se desfaz…”
“Sou a FÉ! Mas é triste a minha empresa:
Nem de Deus se respeita a Realeza…
Sou supérflua, meu fogo se desfaz…”
A
terceira sussurra, já sem cor:
“Estou triste também, eu sou o AMOR…
Mas perdi o fulgor como vocês…”
“Estou triste também, eu sou o AMOR…
Mas perdi o fulgor como vocês…”
Foi
a vez da ESPERANÇA – a quarta vela:
“Não desiste ninguém! A Vida é bela!
E acendeu novamente as outras três!
“Não desiste ninguém! A Vida é bela!
E acendeu novamente as outras três!
DEDÉ
MONTEIRO
Paródias:
As quatro
putas
Quatro putas
falavam em um bar
Sobre a vida
que era muito dura...
A primeira,
cheinha de frescura,
Diz assim:
“Eu vou me aposentar!
A segunda,
morrendo de chorar,
Diz pra
outra: “Ninguém mais me segura,
Tô com um
metro e cinqüenta de altura
E a balança
acabou de se quebrar.
A terceira,
já com sessenta anos,
Disse às
outras: “Restaram desenganos,
Ninguém mais
quer três velhas prostitutas...
Veio a
quarta, a que era cafetona,
E, lembrando
dos tempos bons da zona,
Deu coragem
de novo às outras putas.
Felipe
Júnior
Os quatro
cornos
Quatro
cornos sentados numa praça
Lamentavam
por ter desilusões,
O primeiro
lembrando as tradições:
- Eu me
vingo das pontas na cachaça.
O segundo
chorava de desgraça
E dizia: não
perco as ilusões.
Se a mulher
preferiu ter Ricardões
Isso é fase,
mas sei que logo passa.
O terceiro
chifrudo, o mais matreiro:
O que
importa é a mulher trazer dinheiro
Pra o que
falam de mim, nunca liguei.
Já o quarto
cornão, foi taxativo:
- Quando a
minha me trai sou vingativo,
Eu arranjo
outro bofe e vou ser gay.
Ismael Gaião
Os quatro
bêbados
Quatro
bêbados bebiam numa mesa,
E falavam da
vida e tudo enfim,
O primeiro
dizia: “Eu bebo assim,
Pra poder
afogar minha tristeza”...
O segundo,
engolindo uma de gim,
Diz: “a cana
é quem faz minha defesa...
Se não fosse
a bebida, essa beleza,
Minha vida
seria muito ruim!
O terceiro,
morrendo de ressaca,
Diz: eu
sinto a matéria muito fraca,
Vou parar de
beber essa semana!
Grita o
outro: “não faça essa desgraça,
Mande abrir
mais um litro de cachaça,
Que é pra
gente morrer bebendo cana!”
Gonga
Monteiro
Os quatro
poetas
O primeiro
poeta com as velas
Deu um show
de poesia, com certeza,
O segundo,
num bar, ouve na mesa,
Depois
narra, dos bêbados, as seqüelas.
Outro
escuta, das putas, as mazelas,
Comentar
sobre os ossos do ofício,
E, escutando
dos cornos, o suplício,
Chega outro
e relata tais procelas:
Como é dura
a vida dos poetas,
No afã de
cumprirem suas metas,
Desmanchando-se
em versos, quem diria
Juntam:
bêbados, cornos, velas, putas
Em estrofes
bem simples, mas astutas
Transformaram
isso tudo em poesia.
Carlos Aires
As quatro estrofes
Quatro estrofes sondavam o poeta,
Pra fazerem parte desse soneto;
A primeira, como algo obsoleto,
Vislumbra-se de forma mui indiscreta!
A segunda, já com feições de esteta:
- Mente adentro do poeta me meto,
Mas vou fazer parte, isso eu prometo,
Pois, esta é que tem sido a minha meta!
A terceira atrai como se fosse ímã,
Para constar também naquela rima.
Mas foi mais uma para o descarte!
Foi a vez, enfim, da quarta estrofe,
Coxa, como quem tá botando os bofes,
Inselecionável a essa obra de arte!
Miguel de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário