Acho que os melhores
poetas são os poetas repentistas. Aqueles que criam seus versos na hora, sem
precisar de salamaleques ou firulas para compô-los. Não foi à toa que Manuel Bandeira
se encantou por esses caras, e compôs o poema “Saudações aos cantadores” em
homenagem a eles. Somente com o intuito de brincar, fiz o soneto “Pendenga com
poeta popular”, que Dimas Batista, numa dessas coincidências extraordinárias,
retrucou com uma décima. É claro que, ao fazer o soneto, não tinha o
conhecimento da décima de Dimas, assim como Dimas, não conheceu o meu soneto. Mas
ficou interessante, parece realmente que Dimas Batista, estava respondendo ao
meu soneto com sua décima. Confiram!
Pendenga com
poeta popular
Joga teu verso no ar grande poeta,
Feito fumaça que se esvai qual vento!
Que eu grafarei pra sempre meu momento,
Mesmo se, para alguns, não for esteta.
Toca tua vida. E, de repente,
Teu repente flui como por encanto!
Que eu, sem pressa nenhuma, o meu canto
Vou construindo paulatinamente.
Faz teu verso perfeito,
sem demora
E arranca da platéia teus aplausos,
Que eu darei um fim, pra sempre, nesse causo,
Pois, o meu verso fica, e o teu se evapora.
O teu
verso é como sombra esparsa,
Miguel de Souza
Uma décima de improviso
Eu
muito admiro o poeta da praça,
que passa dois anos fazendo um soneto,
depois de três meses acaba um quarteto,
com todo esse tempo inda fica sem graça.
Com tinta e papel o esboço ele traça,
contando nos dedos pra metrificar,
que noites de sono ele perde a estudar,
pra no fim mostrar tão minguado produto,
pois desses, eu faço dois, três, num minuto,
cantando galope na beira do mar.
que passa dois anos fazendo um soneto,
depois de três meses acaba um quarteto,
com todo esse tempo inda fica sem graça.
Com tinta e papel o esboço ele traça,
contando nos dedos pra metrificar,
que noites de sono ele perde a estudar,
pra no fim mostrar tão minguado produto,
pois desses, eu faço dois, três, num minuto,
cantando galope na beira do mar.
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Dimas Batista
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