segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

20 DE JANEIRO, DIA DE SÃO SEBASTIÃO.

         
O poema, "O milagre da flecha", musicado por Moacyr Franco encerra uma lição extraordinária de vida. O eu poético se coloca na condição de um operário na volta para casa após uma jornada de trabalho, quando é surpreendido por um meliante. Lá pelas tantas, revestido de pura maldade o bandido manda-o rezar. Sem nunca ter rezado, o operário eleva seu pensamento a Deus e é salvo por uma flecha que acerta em cheio o peito do malfeitor.
O ponto chave do texto é quando o operário descobre o que é ter religião. Um sujeito comum que nunca tinha rezado, sequer pisado numa igreja pressupõe-se, encontra-se encurralado e é atendido nesse momento. Isto vai de encontro ao que achamos que não é certo. O oposto de tudo.
O autor de "Pedágio" e de "Dia de formatura", parece realmente ter sido tocado pela inspiração divina ao compor essa mensagem. O operário é o oposto de tudo aquilo que a sociedade aceita como um ser religioso, no entanto, foi salvo pelo Santo das garras do bandido. Vale a reflexão.

O MILAGRE DA FLECHA

Era alta madrugada,
já cansado da jornada,
eu voltava pro meu lar.
Quando apareceu no escuro,
me encostando contra o muro,
um ladrão pra me assaltar.

Com o revólver no pescoço,
ainda expliquei pro moço:
- tenho um filho pra criar.
Sou arrimo de família,
leva tudo, me humilha,
mas não queira me matar.

Mas o homem sem piedade,
um escravo da maldade,
começou me maltratar.
Pra ver se eu tinha medo,
antes de puxar o dedo,
ele me mandou rezar.

Eu nunca tinha rezado,
eu que era só pecado,
implorei por salvação...
Elevei meu pensamento,
e descobri nesse momento,
o que é ter religião!

Um clarão apareceu,
minha vista escureceu,
e o bandido desmaiou...
E morreu, não teve jeito,
com uma flecha no peito,
sem saber quem atirou.

Nessa hora a gente grita,
berra, chora e acredita
que o milagre aconteceu...
De joelho  na calçada,
perguntei com voz cansada:
- Quem será que me atendeu?!

Já estava amanhecendo,
alegria me aquecendo,
quando entrei na catedral.
Cada Santo que eu via,
eu, de novo, agradecia,
lhe jurava ser leal.

Veja os Santos de passagem,
não me toque nas imagens,
me avisou o sacristão.
Pois lá, ninguém explicava,
uma flecha que faltava
na imagem de São Sebastião.

Ave Maria, Aleluia, Ave Maria.


Por: Moacyr Franco.

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