... E a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade continua sendo vítima de vândalos, POBRE DRUMMOND!
POEMA SEM DISFARCE
Quando nasceu, um anjo tosco
desses que sempre assombram
disse: vai, Carlos! Virar estátua na vida.
Os vândalos espreitam a esfinge
que vive sentada no banco.
O tempo talvez fosse outro,
não houvesse tantos vândalos.
O tempo passa cheio de dúvidas
ora é noite dia sol chuva
por que tanta dúvida, meu Deus, pergunta sem razão.
Mas os olhos já não
perguntam mais nada.
A estátua atrás da pedra
é inerte, dura e frágil.
Não mais conversa.
Já não tem mais amigos
a estátua atrás dos óculos (quebrado) e do bigode (de pedra).
Oh, Deus, por que o abandonaste
se sabias que era humano
e que viraria pedra.
Mundo mundo parco mundo,
se ele se chamasse Sigismundo
seria uma rima, e uma provocação.
Mundo mundo parco mundo,
mais parco é seu coração.
O mundo precisa saber
que esse gesto
essa atitude
deixa a gente aborrecido como o diabo.
Miguel de Souza
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