sábado, 16 de setembro de 2017

SOBRE LIVROS



Acredito que os poetas não deveriam lançar livros. Pois o que fica são os poemas soltos, fora da amarra enfileiradas de páginas e mais páginas amontoadas em bibliotecas que pouca gente lê. Em contrapartida, os livros servem para apurar esses poemas que se sobressaem sobre os outros. Em se tratando de livros sou mesmo assim.
Querem ver só: dos cinquenta poemas que compõem Esconderijos do tempo, de Mário Quintana, apenas quatro foram os que se sobressaíram sobre os outros. São eles: Os poemas, Bilhete, Seiscentos e sessenta e seis e Solau à moda antiga. Não que os outros não tenham menos qualidade, não é isso. Mas foram esses que caíram na graça do povo, que é quem dita o sucesso.
Há livros que de cara não gosto. Mas depois de certo tempo, passo a amá-los! O poeta Mário Quintana foi um especialista em títulos. O livro o Aprendiz de feiticeiro, é tido como o melhor livro de poemas de Quintana. O mais maduro segundo Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Em Sapato florido, há uma quebra que surpreendeu muita gente. Pois é um livro de prosa poética. O poeta deixa de lado a métrica e a rima da Rua dos cataventos Canções, para se aventurar nesse gênero limítrofe. Um livro singular na obra de Quintana. O que tenho percebido na sua poética, é que o poeta ora aqui ora acolá, continua no decorrer de sua trajetória fazendo os sonetos e as canções dos primeiros livros, principalmente em A cor do invisível. Sonetos como: As estrelas, Detrás de um muro surge a lua, Ah, os relógios... entre outros e muitas canções espalhadas pela sua trajetória, afirmam isso. 
Agora quero falar de um livro que foi amor à primeira vista: Espelho mágico. Delicioso livro. São 111 quadras de métricas variadas, com título. "São poemas breves, no qual os dois últimos versos espelham os dois primeiros, como se os invertessem," [...] Explicita Tania Franco Carvalhal, na orelha do livro.

Miguel de Souza

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