sábado, 26 de agosto de 2017

ACADEMIA FAZ HOMENAGEM A MARCILEUDO BARROS


Conheci Marcileudo Barros no projeto da Escola de samba Reino Unido da Liberdade: “Poesia Solta na Rua”, encabeçado pelo locutor Ivan de Oliveira. Ele era um dos poetas convidados a palestrar naquela edição do projeto. Eu, um mero iniciante que fui fazer uma ponta como convidado do Everaldo Nascimento. Achei divertidíssima a sua participação, sempre com histórias bem humoradas sobre sua vida, seus amigos e sobre tudo.
Ganhei das mãos dele o livro “O boteco” que li quase de um fôlego só, por ter achado muito interessante. O livro é ótimo. Divertidíssimo. Dei boas gargalhadas com ele. Outro dia, o próprio Marcileudo me apresentou a um amigo seu, personagem vivo do livro “O boteco”. Aquilo foi mágico. Adorava puxar conversa com ele, era sempre uma aula que eu recebia sobre arte. O cara além de ótimo poeta era excelente músico, um compositor de mão cheia. Na nossa última conversa perguntei a ele qual seu processo de criação com relação à música? Reparem que interessante a resposta do cara: “Eu começo a tocar uma música que eu gosto na bateria... (imitava a bateria com a boca) e... lá pelas tantas entro com a minha composição e, assim, surge minhas músicas.

Marcileudo Barros é a prova viva de como esta cidade trata seus artistas. Desconhecido da grande massa, desvalorizado por aqueles que se cercam de meia dúzia de poetas e acham que o mundo gira em torno desses caras! Marginalizado, viveu à margem desde sempre. Mas foi uma porrada na face de muita gente que se esconde por trás de preconceitos bobos. Ficou seu legado: seus livros, seus poemas, suas músicas, sua voz.

Marcileudo Barros


PASSAGEM

Soube da tua passagem...
aos sessenta e quatro anos,
viajaste a outro plano,
chegaste à terceira margem

como tantos, sem despedida!
sem lenço e sem acenos,
com esse teu ar sereno,
porque foi assim tua vida!

Agora, dirás poemas
em vão, no vão desse nada,
nessa imensa madrugada
de sotilégios e dilemas.

e segues tirando sarro,
mestre Marcileudo Barros.

Miguel de Souza


*Poema composto em razão de seu passamento.





Um comentário:

  1. Obrigado pela homenagem, fico feliz que alguns ainda reconheçam a grandiosidade artística do meu pai. Infelizmente, é bem como você falou, a poesia é sempre vista em torno de meia dúzia de poetas e tantos outros são marginalizados.

    ResponderExcluir