Em agosto
entrei numa lanchonete para merendar. Lá pelas tantas, se aproxima uma moça,
perguntando qual a minha religião. Sou católico, respondi à moça. Pediu-me uma
ajuda para a sua igreja, e me ofereceu um escapulário e uma imagem de um Santo
por R$ 2,00. Coloquei a mão no bolso e, como não tinha dinheiro trocado,
entreguei a ela R$ 10,00, esperando evidentemente, R$ 8,00 de volta. Ela
avançou sobre a nota de R$ 10,00 como um faminto avança sobre um prato de
comida. Estranhei aquele comportamento. - Espera aí disse a moça, que vou ali
trocar o dinheiro e trazer o restante. Assim que ela saiu, o atendente da
lanchonete disse: - ela não volta mais, você caiu no golpe! - Se ela me
enganou, problema dela, respondi ao atendente meio sem jeito. Ao pagar a
merenda para a caixa, que já me conhecia, pois não é de hoje que freqüento a
lanchonete, ela me disse: - eu trabalho aqui há 20 anos, não são 20 dias, eu
sei distinguir todo tipo de pessoas que entram aqui, se você quiser praticar a
caridade a alguém, reserve um pouco do seu dinheiro para os idosos que estão
desassistidos nos asilos, para os doentes esquecidos nos hospitais, para as crianças
que estão nas casas de misericórdias, enfim... Tomei isto como lição. Mais
tarde, escrevi o soneto abaixo, talvez para desabafar, não sei, enfim, eis o
soneto:
SONETO
BRUSCO
A uma
golpista
Coitado de
quem tenta, num engodo,
Enganar o
outro ardilosamente,
Com astúcia,
com artimanha, crente
De que... E
sair de cena com apodo
De golpista,
a viver metido em lodo!
Coitado de
quem, para enganar, mente,
Usando de má
fé com toda a gente,
E que com
isto, vai me ferrar todo.
Coitada
dessa gente desonesta,
Que veio ao
mundo atrapalhar a festa,
E que não
sabe nem viver a vida.
Coitada de
quem se acha sempre esperta,
De quem
pensa que dessa forma acerta,
Mas está enganando-se
a si, querida!
Miguel de
Souza
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