segunda-feira, 25 de abril de 2016
26 de abril, dia do goleiro.
Defesa monumental do Goleiro Inglês Gordon Banks da cabeçada de Pelé, Copa de 70.
O GOLEIRO
Ele vive para apagar
o brilho do espetáculo!
Mas dá espetáculo
no seu desempenho...
Quando salta
cai exato
feito gato!
Salva a falta.
Quando pula-horizonte
numa ponte.
Que show!
Ah, mas quando vai buscar a bola
no fundo da sacola
quando é gol...
É seu momento triste!
A alegria não existe
na vida do goleiro.
Miguel de Souza
quinta-feira, 21 de abril de 2016
SOBRE POEMAS
Participo de um site de poesia, o “Recanto das Letras”, onde
internautas-poetas divulgam seus versos para o regozijo daqueles que amam esta
arte. Sou mais lido do que comentado. E pela falta de tempo ou... Poucas vezes
comento algo por lá.
Mas de vez em quando, recebo certos comentários que acho que
vale a pena ter dedicado o meu tempinho publicando meus textos nesse site.
Recentemente recebi do poeta Renato Passos de Barros comentários sobre dois
sonetos que divulguei no site: “Pesadelo” e “Dualidade”. Algo que muito me
lisonjeou.
Pesadelo
Eu saco o
meu revólver desse coldre,
E miro bem
na fuça do sujeito;
Abaixo a
mira, agora eu miro o peito,
Tô a ponto
de mandá-lo para o odre.
E, antes
disso tudo feder a podre,
Vou me
mexendo abrupto nesse leito;
E me
acordando estranho desse jeito,
Com certo
augúrio, ou sei lá o quê, sobre
O pesadelo
horrível que ora tive.
Mas como o
bem padece, e sobrevive;
Também
sobrevivi, pesar dos danos.
Agora, vou à
seara, acendo velas...
Pra me
livrar de tantas querelas,
E que está
atrapalhando os meus planos.
Miguel de Souza
Caramba, Miguel! Muito foda: da
primeira estrofe, construí um breve pulp fiction policial, mas sei que o
pesadelo que o eu-poético teve é apenas uma alegoria-estandarte para expressar
cismas existenciais. Seu intenso e impactante soneto tem um q de Augusto dos
Anjos e pertence à "geração dos malditos" devido à temática e devido
também ao "como" recriar a linguagem para expor essa temática. Se
Charles Bukowski lesse seu soneto, Miguel, iria sentenciar com entusiasmo:
"esse cara é dos meus!". Não pare de publicar, poeta, ainda existem
algumas ilhas de excelência nesse site. Você é um deles.
DUALIDADE
Lá fora, um tom funéreo, cinza,
inunda
a paisagem exótica, dual!
Enquanto que se tange todo o mal,
dessa intrínseca imagem moribunda,
que a meu ver agora se afunda,
nesse luxuriante ritual.
Subo às pressas para ir à catedral,
e u'a devassa mulher, mostrando a bunda,
aproxima-se cheia de manha...
Minha libido, nesse instante, se assanha,
Mas não dou bola para isso... Afinal,
ainda temos pela frente o ano inteiro,
estamos só vivendo fevereiro,
o mês radiante do carnaval!
a paisagem exótica, dual!
Enquanto que se tange todo o mal,
dessa intrínseca imagem moribunda,
que a meu ver agora se afunda,
nesse luxuriante ritual.
Subo às pressas para ir à catedral,
e u'a devassa mulher, mostrando a bunda,
aproxima-se cheia de manha...
Minha libido, nesse instante, se assanha,
Mas não dou bola para isso... Afinal,
ainda temos pela frente o ano inteiro,
estamos só vivendo fevereiro,
o mês radiante do carnaval!
Miguel de Souza
Repare como o carnaval e a sexta-feira
da paixão estão conectados num mesmo cronograma festivo. É um evento barroco: o
sagrado e o profano. Essa dualidade você descreveu muito bem em seu
soneto-curta-metragem. É muito raro o poder da linguagem criar na mente do
leitor imagens tão nítidas. Seu estilo poético alcança tal feito com extrema
facilidade: a narrativa breve, intensa e dinâmica constrói cenas de cinema numa
estrutura textual (o soneto) de pouquíssimo fôlego. Isso sim é arte literária!
O resto é perfumaria! Pelo que eu reparei, Miguel, você não tem muito tempo pra
ficar interagindo com outros caras do Recanto das Letras ou então está cagando
pra esse lance de divulgação. Gosto dessa atitude. É um comportamento típico
dos "Malditos" (Tom Zé, Zeca Baleiro, Raul Seixas, Waly Salomão,
Edgar Allan Poe, Augusto dos Anjos, Gregório de Matos, Charles Bukowski,
Rimbaud e seus amigos simbolistas). Tenho a leve impressão que você curte todos
esses caras também muito fodas! Bom, da minha parte só me resta falar de você
pra outros poetas que curtem poesia transgressora do tipo: nocaute no primeiro
round! Até mais ler, "Maldito" camarada!
*Renato Passos de Barros é Poeta e professor de Língua
Portuguesa.
sábado, 16 de abril de 2016
TROVA
Vai ter
eleição no inferno!
Quem será o
diabo da vez,
Que anotará
em seu caderno,
O destino de
vocês?
Miguel de Souza
domingo, 10 de abril de 2016
ABRIL
Abril é, sem dúvida, o mês mais importante de minha vida! Porque nele nasceram os meus Pais. No dia 01, o meu Pai e no dia 08, a minha Mãe, e ainda temos no dia 09, uma das três Marias, a Aparecida.
Dos poemas que já fiz em homenagem à minha Mãe, "Biscoitos Triunfo" é um dos mais emotivos pelas circunstâncias que o envolve. Foi complicado compor. É complicado ler. Lembro-me que concluí este poema aos prantos. É algo muito sério!
BISCOITOS TRIUNFO
Lembro-me no despontar da infância
quando a minha MÃE querida
vinha do centro da cidade
trazendo no bojo "Biscoitos Triunfo"
para adocicar nossas vidas.
era, naqueles idos
nosso maior trunfo!
E eu me lambuzava
me fartava de comer
Biscoitos Triunfo!
Hoje, no entardecer da vida
contemplo MAMÃE tão só
quase tombada pela idade
rezando no seu tranquilo leito.
E recordo, da vida, aquelas manhãs
que não saem
e nem fogem do meu peito!
E eu me lambuzo
e me farto de saudade
nesta noite em que não aceito!
Miguel de Souza
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