Na ótica de Teófilo Dias com o seu Fanfarras (1882), considerado o marco inicial do Parnasianismo brasileiro.
A Júlio de Castilhos
Tu, que prendeste um dia os braços de Jesus,
Quando neles quis ter a humanidade erguida,
Hás de cair prostrada, exânime abatida.
- Já lambe-te o pedal a devorante luz.
A força, que ao porvir o Grande Ser conduz,
A implacável ciência, a eterna deicida,
Vertendo nova seiva à árvore da vida,
Arrancou-lhe a raiz de onde surgiste, oh cruz!
O pensamento audaz, esquadrinhando os mundos,
Calcinou, sulco a sulco, os germens infecundos
Da divina semente, estéril e vazia.
Podes deixar cair, desanimada, os braços!
- Já não existe um Deus, que veja dos espaços
Teu gesto de terror, de súplica sombria!
Teófilo Dias
Agora, na visão deste bardo menor:
Às vezes, a indagar-me, me ponho,
sobre a árvore que cedeu a madeira,
a fim de construir a mor asneira,
que neste mundo áspero, medonho...
Alguém, num hórrido, perverso sonho
construiu... E pela vez primeira,
marcou pra sempre a vida inteira
de toda a humanidade... Tão tristonho
pelo mau gesto, aquele pobre homem,
arrenpendido pelo mal que o consome,
derrocado, também caiu por terra!
Como aquela árvore cujas frondes,
de vergonha, hoje, para sempre esconde.
E nunca mais irá reinar na serra!
Miguel de Souza
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