Abril chuvas mil.
E o que podemos dizer
das águas de março?
Aníbal Beça
Oh, abril! Cadê as tuas chuvas,
a encharcar a seca terra?
E o vento que às vezes erra,
e nunca mesmo faz curva?
Foste madurar as uvas,
em plagas onde há serras?
E onde a cabrita berra,
não vens cair feito luvas?
E o tempo que a vista turva,
e toda a natura emperra?
Quando findas essa guerra,
e vens cair, nobre chuva?
Neste ano, no mês de abril,
não tivemos chuvas mil!
Miguel de Souza
quinta-feira, 30 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
SALVE JORGE!
SÃO JORGE
Podem lhe tirar o altar
Senhor São Jorge: o terreiro
sempre o há de venerar.
Luiz Bacellar
Frauta de Barro.
P. 64.
domingo, 19 de abril de 2015
SONETO
Uma brincadeirinha com o soneto "Sessenta Musas" de Rogaciano Leite, que discorreu por lá o nome de sessenta mulheres. Também, por aqui, discorro o nome de sessenta mulheres, com o título de "Sessenta Nãos", confiram:
SESSENTA NÃOS
Digam-me, por favor: Carol, Suzete,
Ana, Clara, Gertrudes, Beatriz,
Paula, Suzy, Lindalva, Marta, Cris,
Nádia, Raquel, Melissa, Lúcia, Ivete;
Núbia, Mara, Adriana, Laila, Beth,
Sandra, Luma, Marina, Lídia, Liz,
Márcia, Vera, Roberta, Carla, Elis,
Esther, Fábia, Suzana, Cláudia, Odete;
Olga, Glória, Natasha, Luna, Dilma,
Flora, Lana, Cecília, Vívian, Vilma,
Nise, Dalva, Lili, Hilda, Leonor;
Lílian, Silvia Fabrícia, Ilma, Giovanna,
Mirtes, Trícia, Tereza, Rosana...
O que faço com todo esse amor?
Miguel de Souza
SESSENTA NÃOS
Digam-me, por favor: Carol, Suzete,
Ana, Clara, Gertrudes, Beatriz,
Paula, Suzy, Lindalva, Marta, Cris,
Nádia, Raquel, Melissa, Lúcia, Ivete;
Núbia, Mara, Adriana, Laila, Beth,
Sandra, Luma, Marina, Lídia, Liz,
Márcia, Vera, Roberta, Carla, Elis,
Esther, Fábia, Suzana, Cláudia, Odete;
Olga, Glória, Natasha, Luna, Dilma,
Flora, Lana, Cecília, Vívian, Vilma,
Nise, Dalva, Lili, Hilda, Leonor;
Lílian, Silvia Fabrícia, Ilma, Giovanna,
Mirtes, Trícia, Tereza, Rosana...
O que faço com todo esse amor?
Miguel de Souza
domingo, 12 de abril de 2015
MANIFESTAÇÕES
MANIFESTAÇÕES
Há tantos, tantos gritos de socorro,
neste mundo cruel, indócil, vil...
Ante ao comportamento servil,
dos que impunham espadas feito o zorro!
E eu, fraco, contra isso, corro!
Pois não faz parte do meu perfil,
ir às turras com armas e fuzil,
nesse morro não mato, mato não morro!
Eu prefiro assistir de camarote,
não sou parte, senhores, desse lote,
e, por muitos,sou cidadão ignoto!
A resposta, senhores, dou nas urnas,
é onde o povo tem que sair das furnas,
com sua verdadeira arma, o voto!
Miguel de Souza
sábado, 11 de abril de 2015
NOTÍCIA
Minha irmã Maria das Graças, me informou que o lugar onde nascemos não existe mais. Paraná da Terra Nova que antes era município da Careiro da Várzea, agora passou de vez a ser uma extensão do próprio Careiro. De súbito, lembrei-me de um poema que havia feito para a minha querida Terra Nova:
MINHA TERRA
O lugar que vim ao mundo
- aquele pedaço de ilha -
bem pra lá do rancho-fundo
onde ninguém mesmo trilha!
Nem sequer existe no mapa
eis aqui a minha prova
como quem se esconde na capa
sua existência não se comprova.
Lugar em que meu pensar não erra
e a minha saudade se renova
quando eu penso nessa terra
meu Paraná da Terra Nova.
Miguel de Souza
sexta-feira, 3 de abril de 2015
A CRUZ
Na ótica de Teófilo Dias com o seu Fanfarras (1882), considerado o marco inicial do Parnasianismo brasileiro.
A Júlio de Castilhos
Tu, que prendeste um dia os braços de Jesus,
Quando neles quis ter a humanidade erguida,
Hás de cair prostrada, exânime abatida.
- Já lambe-te o pedal a devorante luz.
A força, que ao porvir o Grande Ser conduz,
A implacável ciência, a eterna deicida,
Vertendo nova seiva à árvore da vida,
Arrancou-lhe a raiz de onde surgiste, oh cruz!
O pensamento audaz, esquadrinhando os mundos,
Calcinou, sulco a sulco, os germens infecundos
Da divina semente, estéril e vazia.
Podes deixar cair, desanimada, os braços!
- Já não existe um Deus, que veja dos espaços
Teu gesto de terror, de súplica sombria!
Teófilo Dias
Agora, na visão deste bardo menor:
Às vezes, a indagar-me, me ponho,
sobre a árvore que cedeu a madeira,
a fim de construir a mor asneira,
que neste mundo áspero, medonho...
Alguém, num hórrido, perverso sonho
construiu... E pela vez primeira,
marcou pra sempre a vida inteira
de toda a humanidade... Tão tristonho
pelo mau gesto, aquele pobre homem,
arrenpendido pelo mal que o consome,
derrocado, também caiu por terra!
Como aquela árvore cujas frondes,
de vergonha, hoje, para sempre esconde.
E nunca mais irá reinar na serra!
Miguel de Souza
A Júlio de Castilhos
Tu, que prendeste um dia os braços de Jesus,
Quando neles quis ter a humanidade erguida,
Hás de cair prostrada, exânime abatida.
- Já lambe-te o pedal a devorante luz.
A força, que ao porvir o Grande Ser conduz,
A implacável ciência, a eterna deicida,
Vertendo nova seiva à árvore da vida,
Arrancou-lhe a raiz de onde surgiste, oh cruz!
O pensamento audaz, esquadrinhando os mundos,
Calcinou, sulco a sulco, os germens infecundos
Da divina semente, estéril e vazia.
Podes deixar cair, desanimada, os braços!
- Já não existe um Deus, que veja dos espaços
Teu gesto de terror, de súplica sombria!
Teófilo Dias
Agora, na visão deste bardo menor:
Às vezes, a indagar-me, me ponho,
sobre a árvore que cedeu a madeira,
a fim de construir a mor asneira,
que neste mundo áspero, medonho...
Alguém, num hórrido, perverso sonho
construiu... E pela vez primeira,
marcou pra sempre a vida inteira
de toda a humanidade... Tão tristonho
pelo mau gesto, aquele pobre homem,
arrenpendido pelo mal que o consome,
derrocado, também caiu por terra!
Como aquela árvore cujas frondes,
de vergonha, hoje, para sempre esconde.
E nunca mais irá reinar na serra!
Miguel de Souza
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