ARTE DA DECLAMAÇÃO
Se escrever poemas requer, entre outras coisas, habilidade com as palavras. Declamá-los é visto também como um dom. O poeta completo é aquele que, além de escrever bem seus textos, consegue passar sentimentos ao lê-los ou declamá-los. Mas declamar é arte de ator, por ter o dom da interpretação.
Escrever não é ofíco fácil. É trabalhoso. Pede vocabulário, experimentos, transpiração! Mas, onde fica a tão propalada inspiração? O que é? Ela existe? Esta é uma discussão um tanto complexa entre os doutos no assunto. Há quem diga que um texto contem 80% de transpiração e 20% de inspiração. E há também os que, acreditam na inspiração, e dizem que há textos 100% inspirados.
Ao declamar um texto, o ator ou poeta se coloca no lugar da poesia, é na verdade, a poesia que salta do papel e ganha vida nos gestos de um ator. Ele, naquele momento, é como se fosse um istmo ou elo, entre a mensagem do poema e o público receptor dessa mensagem.
A sua leitura requer certo talento: obedecer à pontuação, não parar no final do verso, se ele pedir um segmento. Sem contar com a entonação que determinados poemas pedem. Enfim, há toda uma história a ser vista.
Em virtude disso, se pode dizer que determinado poeta famoso ou não, é completo ou incompleto. Isto, de maneira alguma, diminui este ou aquele poeta por não ser completo. Já que o primeiro e o principal talento dessa trempe ele possui, que é o dom da palavra. Por isso, ei-lo poeta.
MIGUEL DE SOUZA
RECEITA PARA RECITAR POEMAS
Feche os olhos...
Imagine que cada palavra,
cada verso
seja um doce,
seu doce predileto.
Cocada, marmelada,
goiabada, licor de cereja,
pudim, doce de cupuaçu...
Agora deguste, saboreie
esse doce sem pressa!
Sinta seu aroma,
seu gosto.
E imite as feições de regozijo
que ele lhe causa,
e se preocupe em passar
o gosto, o prazer, a vontade...
E em deixar as pessoas com água na boca!
Miguel de Souza
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