Era um jogo difícil aquele, eu estava atrasado. O jogo já havia começado e eu ainda estava em casa. Mas, como sempre ficava no banco, e entrava no segundo tempo, não me preocupei muito. Quando me desvencilhei dos afazeres domésticos, lembrei-me do jogo e fui correndo, já estava na metade do primeiro tempo e estávamos perdendo de 1X0.
Jogo truncado, sem expectativa de vitória nenhuma. Camilo Magno estava no gol. Sérgio, o nosso goleiro oficial estava na arquibancada assistindo e torcendo muito, com o punho machucado.Quando eu entrava, ou era no meio de campo ou no ataque, mas aquele jogo não era pra mim.
Francisco Agostinho mandava bem no meio de campo, no início do segundo tempo dominou uma bola, e da intermediária mandou um chute improvável com tanto veneno que findou entrando. Era o empate! Agora era segurar na zaga. E segurar era com o Eliomar, como aquele cara jogava bola! Ele recebeu uma bola na lateral esquerda, e num toque envolvente tabelou com José Alberto, recebeu a bola de volta e... Quase viramos o jogo, foi por pouco.
Faltava cinco minutos pro final quando entrei no lugar do Juvêncio, parecia uma barata tonta correndo pra lá e pra cá, e ninguém me passava a bola. Houve uma jogada linda do Francisco Agostinho pelo meio, ele recebeu uma bola do Camilo, deu um drible de corpo no adversário e virou de primeira pro Eliomar que fez o corta-luz e, sem tocar na bola, deixou pro José Aurélio que pegou na veia! A bola beijou o travessão e sobrou livre pra mim, aí foi só empurrar pra dentro e comemorar.
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A DECISÃO
... E veio a grande final, era contra o time mais marrento da escola. Raimundo Pedraça, Pedaço e Júlio César eram implacáveis! Chegaram inteiros para aquela final. O nosso time estava entregue às traças. Com a melhora do Sérgio, Camilo Magno compôs a zaga com José Aurélio; na cabeça de área, Elailson dava o ar de sua graça; Juvêncio e Francisco Agostinho no meio de campo; Zé Alberto e Eliomar comandavam o ataque; e no banco de reservas eu, para o desafogo do time que contava com a torcida das garotas da nossa sala.
A bola rolou e o primeiro chute lambeu a trave esquerda do Sérgio, um augúrio percorreu-me a mente naquela hora. O jogo era nervoso. Júlio César de voleio, quase inaugura o placar pra eles. O primeiro tempo passou e não vimos a cor da bola.
No segundo tempo era a hora da verdade, Eliomar até que enfim, resolveu jogar alguma coisa, numa bola quase perdida, ele penetrou pela lateral e conseguiu arranjar um escanteio.
O jogo era mais falado do que jogado. Juvêncio estava bem no jogo, desarmava todas as jogadas, recuperava as bolas e servia aos companheiros, que não davam prosseguimento. Findou a partida e restou os pênaltis... Sérgio não pegava uma bola sequer. Ninguém errava nada! Até que Julio César, exímio batedor, conseguiu chutar o seu pênalti pra fora, com o Sérgio batido no lance. Era a vez de José Aurélio que, com muita frieza bateu o penal bem devagarzinho, deslocando o goleiro e fazendo a bola entrar no gol, para o grito de CAMPEÃO!
RECORDAÇÃO
Recordo com saudade dos amigos
dos tempos idos que vivi outrora, a
jogarem futebol sempre comigo...
onde estarão todos eles agora?
A minha mente apenas rememora,
os tempos bons que neste poema digo!
Guardo-os nesta retina como abrigo,
como troféus que o pensamento decora.
Agostinho, José Alberto, Sérgio...
Meus amigos da época do colégio,
protagonistas desses tempos idos...
Hoje tudo que resta são saudades,
dum pedaço de terra nesta cidade,
que foi por nós, muito bem vivido.
Miguel de Souza
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