Sempre acreditei no poeta! Nunca, em tempo algum dei ouvidos
a terceiros cheios de suas verdades contidas em alfarrábios obedientes a certas
regras repugnantes! O poeta senhores, é o oposto disso tudo! Ser poeta é
desdizer o que fora dito antes. Tão certamente dito antes por senhores que
andam na trilha.
Um novo poeta sempre vai entregar seu rosto a bofetes baratos
daqueles que se dizem doutos no assunto ou meros repetidores dos que se acham
alguma coisa nesta vida. (Eu mesmo já passei por poucas e boas!) Abaixo todos
eles com suas certezas fáceis a vomitarem boca a fora nas ocasiões mais
sórdidas que possam existir!
Mas ser poeta não é errar. É acima de tudo saber errar. Ser
cônscio no seu erro. Outro dia, há mais de dez anos, encontrei num poema a palavra
“exalou” escrito com “i” e “z”, assim mesmo: izalou. E, ao perguntar ao meu professor, na época, ele disse: -
Pegue este poema e jogue na lixeira mais próxima. É inadmissível a um poeta
errar na grafia. Aquilo me deixou muito bolado.
Não obedeci ao professor e guardei o poema comigo. Depois
desse hiato que citei no parágrafo acima, já nos bancos da faculdade, descobri
que o poeta estava certo e o professor errado. Pois errar na grafia é uma
tendência Modernista. Os Modernistas erravam na grafia para afrontar a Escola
anterior que primava pelo acerto ortográfico/gramatical. Se ainda estamos sob
os auspícios Modernistas, então o poeta está correto no seu poema.