Intratextualidade
é quando o poeta se refere a um verso seu de outro poema. Quando ele recupera
esse verso no poema atual. Ou faz menção de outro verso no poema que está
praticando. Exemplos:
Madrigal tão
engraçadinho
Teresa, você é a
coisa mais bonita que eu vi até hoje na
minha vida, inclusive o porquinho-da-índia que me
deram quando eu tinha seis anos.
Manuel
Bandeira
Porquinho-da-Índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
- O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
Manuel Bandeira
Sonetos
Já falei
tanto... E tenho tanto, tanto
A dizer em poemas
desta forma
Que minha
inspiração não se conforma
Com a dor
impregnada no meu canto!
Nesse cito
o sagrado, o sacrossanto
Nesse
outro, uma procura, uma reforma
Íntima para
a dor que me transforma!
E, nesse,
falo da magia e encanto
Que há nos
versos de um amigo meu...
... Foi
tanto, tanto tema que se deu
Em poemas
tão belos quanto fartos!
Nesse digo:
a felicidade é possível!
Nesse, digo que minha mãe é incrível,
E agradeço a ela pela dor do parto!
Miguel de Souza
VOCÊ É INCRÍVEL
Foi você, Mãe querida, quem deu a luz
a mim, que vim ao mundo indefeso!
Por isso, minha Mãe, jamais meu desprezo.
Por isso, hoje sou eu quem a conduz.
Foi em você, Mãe humilde, que pus
minha boca faminta, sem peso.
Pude sugar o leite lícito e ileso,
e jamais ao seu ofício me opus.
Foi você, minha Mãe, quem me teve,
é por isso que todo filho deve
ser sempre o melhor filho possível.
Quantas vezes suguei seu seio farto!
Eu lhe agradeço pela dor do parto,
oh, Mãe querida, você é incrível!
Miguel de Souza
In: Poemais
P. 60