quarta-feira, 14 de março de 2018

INTERAÇÃO


RUA DA MINHA INFÂNCIA

Relembro a rua da minha infância,
Sempre sortida desses curumins,
Qual madeira apinhada de cupins...
Cena longínqua a se perder à distância!...

Onde essa vida, sem nenhuma ânsia,
Passava vera sob os nossos patins...
Quais copos a esbarrar-se em tintins,
Hoje, celebro aquela abundância!

A rua enfileirada de moleques,
O meu irmão quase sempre de pileque,
Foi a cena que marcou essa meninice!

Hoje, olho para tudo com riqueza,
Porque Deus me ofertou esta proeza de
dizer em versos o que ninguém disse!

Miguel de Souza



RUAS DA INFÂNCIA

Ruas da infância, casas conjugadas,
Com seu dolente som de realejo,
Ainda escuto o seu velho arpejo,
Pelas cadeiras postas nas calçadas.

Casas tão juntas quase irmanadas,
Vindas dos sonhos que ainda vejo,
Com as fachadas plenas de azulejos,
Como vivessem assim com as mãos dadas.

Os paralelepípedos expostos,
Mosaicos bem juntinhos, justapostos,
Se contados somam-se um a um.

Rua de coisas somente pra contar,
Ou esconder às vezes do falar,
Rua de todos nós ou de nenhum.

Fernando Cunha Lima


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