Prosódia
As folhas enchem de ff as vogais do vento.
Mário Quintana
Bem, em primeiro plano não encontrei os dois ff que segundo o poeta, enchem as vogais do vento, sendo que em folhas só há um f e em vento não há.
As duas vogais de vento (e) e (o) perderiam o sentido se fossem enchidos ou preenchidos pelos ff que o poeta viu em folhas.
A não ser que os ff signifiquem uma terceira palavra intrínseca no poema, que só o poeta poderia nos revelar. por exemplo: flores! aí ficaria assim: "As folhas enchem de flores as vogais do vento." Começaria a fazer sentido para mim. O segundo f apareceria, numa alusão, quem sabe, à primavera.
E por falar em primavera aí teremos três estações: folhas (outono), flores (primavera), vento (inverno), fora da ordem é claro.
sexta-feira, 30 de março de 2018
sábado, 24 de março de 2018
LADAINHA
Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de Ilha de Vera-Cruz.
Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas
anhangás a sonhar com histórias de luas
e cantos bárbaros de pajés e poracés batendo os pés.
Depois mudaram-lhe o nome
pra Terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça
Terra cheia de pássaros
Terra cheia de luz.
A grande Terra girassol onde havia guerreiros de tanga.
E onças ruivas deitadas à sombra das árvores mosqueadas de sol.
Mas como houvesse, em abundância,
certa madeira de sangue cor de brasa
e como o fogo da manhã selvagem
fosse um brasido no carvão noturno da paisagem,
e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e se houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil.
Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros
Brasil cheio de luz.
Cassiano Ricardo
In. MartimCererê
P. 50
Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas
anhangás a sonhar com histórias de luas
e cantos bárbaros de pajés e poracés batendo os pés.
Depois mudaram-lhe o nome
pra Terra de Santa Cruz.
Terra cheia de graça
Terra cheia de pássaros
Terra cheia de luz.
A grande Terra girassol onde havia guerreiros de tanga.
E onças ruivas deitadas à sombra das árvores mosqueadas de sol.
Mas como houvesse, em abundância,
certa madeira de sangue cor de brasa
e como o fogo da manhã selvagem
fosse um brasido no carvão noturno da paisagem,
e como a Terra fosse de árvores vermelhas
e se houvesse mostrado assaz gentil,
deram-lhe o nome de Brasil.
Brasil cheio de graça
Brasil cheio de pássaros
Brasil cheio de luz.
Cassiano Ricardo
In. MartimCererê
P. 50
domingo, 18 de março de 2018
SÃO JOSÉ
Era esse dedicado carpinteiro,
Que na carpintaria, o dia inteiro
Trabalhava... Pois essa era sua cruz!
E, nesse exemplo, São José traduz
Como operário fiel, prazenteiro,
Desde o mais simples, pobre
faxineiro,
Ao mais nobre operário que conduz
Nos ombros o progresso da nação!
Recorro-vos a vós em oração,
Oh, meu glorioso, fiel São José...
Conceda-me essa paz que busco tanto,
E transformai-me, após a morte, em
santo,
Através da perseverança, fé!
quarta-feira, 14 de março de 2018
INTERAÇÃO
RUA DA MINHA INFÂNCIA
Relembro a rua da minha infância,
Sempre sortida desses curumins,
Qual madeira apinhada de cupins...
Cena longínqua a se perder à distância!...
Onde essa vida, sem nenhuma ânsia,
Passava vera sob os nossos patins...
Quais copos a esbarrar-se em tintins,
Hoje, celebro aquela abundância!
A rua enfileirada de moleques,
O meu irmão quase sempre de pileque,
Foi a cena que marcou essa meninice!
Hoje, olho para tudo com riqueza,
Porque Deus me ofertou esta proeza de
dizer em versos o que ninguém disse!
Miguel de Souza
RUAS DA INFÂNCIA
Ruas da
infância, casas conjugadas,
Com seu
dolente som de realejo,
Ainda escuto
o seu velho arpejo,
Pelas
cadeiras postas nas calçadas.
Casas tão
juntas quase irmanadas,
Vindas dos
sonhos que ainda vejo,
Com as
fachadas plenas de azulejos,
Como vivessem
assim com as mãos dadas.
Os
paralelepípedos expostos,
Mosaicos bem
juntinhos, justapostos,
Se contados
somam-se um a um.
Rua de
coisas somente pra contar,
Ou esconder
às vezes do falar,
Rua de todos
nós ou de nenhum.
Fernando
Cunha Lima
sábado, 10 de março de 2018
MOTE E GLOSA
Mote:
minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
Glosas:
Minha cidade é Manaus,
meu estado é Amazonas;
minha cantora é Madonna,
meu clima é quarenta graus;
meu naipe é dez de paus,
minha arma é uma enxó,
minha ave é um socó,
que na retina eu emplaco.
Minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
-xx-
O meu país é o Brasil,
meu time é o Flamengo;
um lugar : Realengo,
meu cartunista é o Henfil;
meu pássaro é o Tiziu,
meu ritmo é o Forró
e meu ditado é: "Que só!"
"ulha já!", "Tu é leso, é!", "É o fraco!".
Minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
Miguel de Souza
minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
Glosas:
Minha cidade é Manaus,
meu estado é Amazonas;
minha cantora é Madonna,
meu clima é quarenta graus;
meu naipe é dez de paus,
minha arma é uma enxó,
minha ave é um socó,
que na retina eu emplaco.
Minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
-xx-
O meu país é o Brasil,
meu time é o Flamengo;
um lugar : Realengo,
meu cartunista é o Henfil;
meu pássaro é o Tiziu,
meu ritmo é o Forró
e meu ditado é: "Que só!"
"ulha já!", "Tu é leso, é!", "É o fraco!".
Minha maleta é um saco,
meu cadeado é um nó.
Miguel de Souza
quarta-feira, 7 de março de 2018
A PRESENÇA DA MULHER
Assim qual todo poeta um dia canta,
Também venho cantar a presença
Da mulher, e essa atitude imensa
De gerar. Sendo comparada à Santa!
Para ela, hoje, este
canto se levanta
Em louvor ao oito de março, que a
imprensa
Faz com que a sociedade repense a
Condição dela em tudo que a suplanta!
Mas, não olhamos para ela só neste dia,
Vamos obedecer esta poesia,
E pensar na mulher o ano todo!
Dando carinho, amor, muita ternura...
Pois este ser divino com candura,
Merece ser tratada deste modo!
Miguel de Souza
sábado, 3 de março de 2018
ONDA QUE, ENROLADA,TORNAS
Onda que, enrolada, tornas,
Pequena, ao mar que te trouxe
E ao recuar te transtornas
Como se o mar nada fosse,
Por que é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?
Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te ouço fugir!
Fernando Pessoa
In: Mensagem
P.101
SEGREDO DO VENTO
Oh, onda que o vento trouxe!
Trouxe pra junto da beira,
e, ao voltar, como se fosse,
qualquer coisa meio sem eira.
Por que não trazes contigo,
Oh, vento?! A onda de ontem?
Teu segredo mais antigo,
peça a alguém que conte.
Há tanto tempo que venho
em busca desse segredo,
que dele já não mais tenho,
nenhuma forma de medo!
Miguel de Souza
Pequena, ao mar que te trouxe
E ao recuar te transtornas
Como se o mar nada fosse,
Por que é que levas contigo
Só a tua cessação,
E, ao voltar ao mar antigo,
Não levas meu coração?
Há tanto tempo que o tenho
Que me pesa de o sentir.
Leva-o no som sem tamanho
Com que te ouço fugir!
Fernando Pessoa
In: Mensagem
P.101
SEGREDO DO VENTO
Oh, onda que o vento trouxe!
Trouxe pra junto da beira,
e, ao voltar, como se fosse,
qualquer coisa meio sem eira.
Por que não trazes contigo,
Oh, vento?! A onda de ontem?
Teu segredo mais antigo,
peça a alguém que conte.
Há tanto tempo que venho
em busca desse segredo,
que dele já não mais tenho,
nenhuma forma de medo!
Miguel de Souza
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