sábado, 24 de fevereiro de 2018

MANIPULAÇÃO

Entro em cena mais uma vez de novo,
Neste palco sublime: a própria vida.
Pra desferir um golpe na ferida,
Desses que pensam como pensa o povo!

Eu sei que, com isso, sequer comovo...
Não vou mudar a tal sina inserida,
Sei lá por quem! Por u’a pessoa atrevida,
Que tem, pra sempre, o meu desaprovo.

Já chega! Basta dona rede globo!
O povo está deixando de ser bobo.
Você perdeu essa guerra pra internet!    

Google, twitter, face book, youtube…
Temos, agora, outra juventude
Que mudar esta história promete

                                                        Miguel de Souza

sábado, 17 de fevereiro de 2018

SONETO SEM NOME

Das poucas lembranças que tenho da minha meninice interiorana, era da época da enchente. Mas provavelmente, o término desta. Lembro-me que atrás de casa formava uma espécie de igarapé que, com a chegada da seca ia se desfazendo. Era sempre poético poder pisar e andar de novo na terra que havia sido consumida pela água.
Era aí que se dava uma das mais belas imagens que vislumbrava e que o tempo não se encarregou de apagar da minha retina. As tartaruguinhas recém- -nascidas caminhavam em direção ao rio. Na luta pela vida, muitas delas feneciam no caminho.
Foi quando tive a ideia de pegar uma para criar, juntamente com minhas duas irmãs, que infelizmente adoeceram, e eu tive de cuidar dela sozinho. Teria que trocar a água do recipiente de quando em vez, colher e colocar certa gramínea para ela se alimentar. Coisa que não foi feita. Pois, só queria tirar a tartaruguinha da bacia para brincar com ela, e me esquecia de trocar a sua água e de colocar o seu alimento. Quando minhas irmãs perguntavam sobre ela, respondia que estava tudo bem. Não demorou muito e a tartaruguinha morreu de fome e maus tratos.
Para me redimir desta falha, escrevi um soneto sem título. Pois o arrependimento foi tanto, que não consegui intitular o soneto que compus, pedindo desculpa dela pela minha inocência de garoto.


Venho neste soneto com vergonha,
Pedir desculpas a uma tartaruga!
Por eu ter impedido a sua fuga,
Numa atitude vil, cruel, errônea...

Pela minha ação tanto quanto bisonha, 
Que o meu pensamento, hoje, aluga
As lágrimas que o tempo não enxuga...
Hoje, essa tartaruga apenas sonha.

Com o meu peito cheio de mágoa,
Por eu não ter trocado a sua água,
Rabisco esse soneto sem nome.

E peço-te desculpas mais uma vez,
Se fosse hoje em dia, talvez,
Não a deixaria perecer de fome.

Miguel de Souza

sábado, 10 de fevereiro de 2018

CARNAVAL

Com o tal carnaval batendo à porta,
Eu fico estapafúrdio, meio sem jeito,
No meio de tanta orgia, bunda e peito,
E com tudo isso, não há quem se importa!

Gente do bem e gente tanto torta,
Gente correta e gente com defeito;
Todos parecem muito satisfeitos,
Nesta nação de gente há muito morta!

E aonde quer que eu vá, ou onde que eu esteja,
Se dentro de um asilo, ou na igreja,
Vou sempre observar este grande mal!

Pois o diabo tomou esses dias pra si...
Como viver em paz nesses dias, se...
Nos quatro cantos só há carnaval?!

Miguel de Souza




sábado, 3 de fevereiro de 2018

sonetos shakespearianos em redondilha maior

                            em fevereiro
                            colho em paneiro

                                           Ernesto Penafort

II

em feveveiro, maduro
seja o fruto para a colha
nessa possível escolha
nas manhãs do meu futuro...
yemanjarei dia dois
o mar coberto de flores
repleto também de cores
e de tanto sóis depois
no mais, é passar comum
e dia após dia após...
a iluminar a todos nós
como se fosse um... um...
          grandioso zepelin
          sobre você e sobre mim

Miguel de Souza
In: Ciclo