terça-feira, 15 de novembro de 2016

CURIOSIDADE LITERÁRIA

Um lugar, um poema.

Não sei mesmo qual a relação daquele lugar com o poema em questão. Mas o fato é que toda vez que, ao passar por aquele lugar, vinha à mente a inspiração para compor o poema. Que já estava pronto. Só faltava tempo para materializá-lo no corpo de um papel. Mas logo em seguida, ante aos afazeres da vida, me esquecia de compô-lo. E no dia seguinte de novo...
Certa vez, me comprometi comigo mesmo para sua composição. De hoje não escapa, disse em tom de brincadeira! E assim se sucedeu... O poema é lindo! Tenho verdadeira adoração por ele. Pela forma como ele se me apresentou.  O fiz de um fôlego só, também pudera! Há tempos teimando para ser escrito.
O lugar... bem, o lugar não tem muito a ver com o poema, não. Ou será que tem?! Esta explicação não cabe a mim. Disse certa feita, num outro poema que: “parada de ônibus é ponto de encontro de pessoas desconhecidas”. O fato é que gosto desse poema minimalista que compus outro dia. Pois, esse lugar ao qual me refiro é, exatamente uma parada de ônibus, uma das muitas que há em Manaus.
O poema surgiu através do contraste estrelas X flores, se é que elas se contrastam, mas a ideia do poema era essa, misturar o ofício de ambas no subjetivismo do eu lírico numa queixa de solidão que perpassa todo o texto e a vida do poeta. Pura verdade. Na ação que fazemos diante das estrelas e das flores, contar as estrelas, imagem romântica, o apogeu do amor, a certeza. Despetalar as flores, incerteza, dúvidas no amor. Assim aconteceu o poema.
Poemas acontecem de várias formas, pelo menos comigo. “Pétalas” não é um caso isolado de poemas que pedem para serem escritos, mas é o mais contundente. Por isso resolvi revelar neste pequeno texto, essa relação do poeta com o poema no momento de sua criação.  


Pétalas

Houve um tempo
Em que eu
Despetalava estrelas

Que acabavam sempre
No malmequer!

E contava as flores...

Hoje em dia
Eu conto
As estrelas

E despetalo as flores

Que acabam sempre
No malmequer!

                        Miguel de Souza






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