Um lugar, um poema.
Não sei mesmo qual a relação daquele
lugar com o poema em questão. Mas o fato é que toda vez que, ao passar por
aquele lugar, vinha à mente a inspiração para compor o poema. Que já estava
pronto. Só faltava tempo para materializá-lo no corpo de um papel. Mas logo em
seguida, ante aos afazeres da vida, me esquecia de compô-lo. E no dia seguinte
de novo...
Certa vez, me comprometi comigo mesmo
para sua composição. De hoje não escapa, disse em tom de brincadeira! E assim
se sucedeu... O poema é lindo! Tenho verdadeira adoração por ele. Pela forma
como ele se me apresentou. O fiz de um
fôlego só, também pudera! Há tempos teimando para ser escrito.
O lugar... bem, o lugar não tem muito a
ver com o poema, não. Ou será que tem?! Esta explicação não cabe a mim. Disse
certa feita, num outro poema que: “parada
de ônibus é ponto de encontro de pessoas desconhecidas”. O fato é que gosto
desse poema minimalista que compus outro dia. Pois, esse lugar ao qual me
refiro é, exatamente uma parada de ônibus, uma das muitas que há em Manaus.
O poema surgiu através do contraste estrelas
X flores, se é que elas se contrastam, mas a ideia do poema era essa, misturar
o ofício de ambas no subjetivismo do eu lírico numa queixa de solidão que
perpassa todo o texto e a vida do poeta. Pura verdade. Na ação que fazemos
diante das estrelas e das flores, contar as estrelas, imagem romântica, o
apogeu do amor, a certeza. Despetalar as flores, incerteza, dúvidas no amor.
Assim aconteceu o poema.
Poemas acontecem de várias formas, pelo
menos comigo. “Pétalas” não é um caso isolado de poemas que pedem para serem
escritos, mas é o mais contundente. Por isso resolvi revelar neste pequeno
texto, essa relação do poeta com o poema no momento de sua criação.
Pétalas
Houve um tempo
Em que eu
Despetalava estrelas
Que acabavam sempre
No malmequer!
E contava as flores...
Hoje em dia
Eu conto
As estrelas
E despetalo as flores
Que acabam sempre
No malmequer!
Miguel de Souza
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