Benayas Inácio Pereira estreia com flamboyãs na calçada, livro de poemas que relata experiências do autor de maneira muito particular como, sabemos nós, deve ser a sacada do poeta que tem o compromisso em descrever as nuances da vida. "Ser poeta é ver as mesmas coisas que as pessoas veem, mas, ao mesmo tempo, encontrar a poesia que só o seu olhar é capaz de distinguir." Relata o poeta em sua nota.
Neste livro você encontrará um poeta muito especial, que se situa de modo diferente em meio ao caos e ao tumulto do mundo contemporâneo. Discorre Marcos Frederico na orelha do livro. O livro conta com a apresentação do ilustre poeta Anísio Mello, o homem das mil artes. E com uma carta de Jorge Tuffic, falando da amizade e da qualidade de sua poesia. "Tenho por você uma estima de irmão menor e, por sua poesia, o alumbramento de quem, mesmo velho, teima em não perder o sentimento poético verdadeiramente genuíno."
Fiquei surpreso ao encontrar pessoas próximas de mim como o meu amigo Everaldo Nascimento, Nelson Castro e Einar Damasceno tendo poemas dedicados a eles. E alguns outros mais ausentes e que também comungam da minha amizade como Glaymon Albuquerque e Grace Cordeiro. A capa de Heitor Costa, talvez pela concepção da imagem, sugeriu-me um haicai:
Pétalas ao chão:
recolho da vida, o molho
do tempo em vão.
O ESPANTALHO
Na gaiola do meu peito,
Cativo um pássaro trêmulo.
Sua vontade de voar é grande,
Mas o espaço é pequeno.
(Nide Fontana Beccaccia)
(Ao querido Diego Mendes Sousa,
Aquele que a ABL espera)
Quisera ter nascido um espantalho.
Sorridente, simpático, um pivete.
Cara pintada, paletó retalho.
Na cintura, enrolado, um colchonete.
Braços abertos feitos de chocalho.
Em palmos, mediria uns seis ou sete.
As costas encharcadas pelo orvalho,
Chapéu furado, cheio de confete.
A cabeça infantil, cheia de palha.
Perna feita de cabo de vassoura.
E no alto, a vasta cabeleira loura.
Meu alvo nesta vida sem medalha
É livrar-me das dores que consomem
Meu orgulho é a alegria de ser homem.
Flamboyãs na calçada. / Benayas Inácio Pereira.- Manaus. Editora Valer, 2014. P. 60