Um poeta existe para fazer o povo pensar, refletir. E João Henriques da Silva tem plena consciência disso. Num dos sonetos mais extraodinários que já li sobre o NATAL, ele retrata com muita sapiência o comportamento do povo ante a essa data tão importante.
NOITE DE NATAL
O palacete em festa!... Noite de Natal!...
As vidas, esquecendo a verdadeira vida,
abusam tanto da comida e da bebida
que mais parece um animado carnaval.
Passam horas!... Do amor fraterno nem sinal!...
No casebre ao lado, entre roupas encardidas,
pobre vida vai dando vida a outra vida.
No palacete, continua o festival.
O amor ao próximo dali passa distante.
Ninguém se lembra do aniversariante
que veio ao mundo para combater o mal.
Lá no casebre, surge a luz resplandecente,
pois é ali em que Jesus está presente...
No palacete, certamente, o seu rival.
João Henriques da Silva
In: Antologia Del'Secchi, volume XI
P. 201
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
TODO POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE
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É uma bela resposta do prefeito ao povo que o elegeu. E ninguém fala nada! E fica por isso mesmo! Enquanto Manaus vive um de seus mandatos mais pífios da história, o prefeito vem à baila se queixar de perseguição pelo Governo Federal. "Tadinho dele," é inocente esse sujeito!
Para quem passou oito anos de senado atrapalhando o desenvolvimento deste país, pensando em interesses partidários, e querendo ferrar com o então Presidente Luiz Inácio "Lula" da Silva, o prefeito vem agora posar de perseguido e se queixar de falta de incentivos para governar Manaus. Ora meu caro, conta outra que essa não cola!
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Repleto de arrogância e covardia
Com os olhos voltados à burguesia
Revestido de cólera e preconceito.
Vai governando pífio desse jeito
O tal prefeito, da injustiça, cria
Em afanar a fé do povo se fia
Com as loas, falácias nesses pleitos.
Pensando muito mais no seu bolso
Com o povo no fundo do calabouço, e
Cada vez mais a populaça desce...
Pois é como diria Rui Barbosa
nessas palavras maravilhosas:
Todo povo tem o governo que merece!
Miguel de Souza
domingo, 14 de dezembro de 2014
15 DE DEZEMBRO - DIA DO JARDINEIRO
ESSAS MÃOS
"Tinha mãos de jardineiro
Quando tratava de amor"
Chico Buarque
Das suas mãos brotam flores
para embelezar o espaço
perfumar o tempo
colorir o mundo
Das suas singelas mãos
ricas em calejos
pobres de afagos
mas nobres na labuta
Surge o aconchego dos pássaros
seus cantos maviosos
em sinal de agradecimento
a essas mãos dignas
que tecem apenas o simples trabalho
pelo pão de cada dia.
Miguel de Souza
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Toda vez que, ao passar defronte à praça,
contemplo aquela imagem sempre linda,
da Santa envolta em luz, na berlinda...
a abençoar, quem por ali, sempre passa.
A Vossa imagem cheia de brilho, graça;
há de continuar pra todo o sempre ainda,
abençoando de maneira infinda,
essa gente, esse povo e toda essa raça!
Toda vez que, ao passar no 609,
a imagem dessa Santa me comove,
e contemplo-a com fé e devoção...
Porque sei que também sou abençoado,
e que Jesus atende ao Vosso rogado, oh,
Virgem Senhora da Conceição.
Miguel de Souza
domingo, 7 de dezembro de 2014
FLORBELA ESPANCA
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Poetisa de um lirismo fortemente marcado por sua terra, pôs em versos, de aparência parnasiana, o erotismo e a liberdade que expressou e assumiu pioneiramente na obra como na vida.
Não usava máscara diante dos problemas da vida, nem subterfúgio ao expressá-los em seus autênticos sonetos.
Obras:
Livro de Mágoas (1919),
Livro Soror Saudade (1923),
Charneca em Flor (1930) e
Reliquiae (1931)
Na passagem de 7 para 8 de dezembro de 1930 -ritualisticamente no dia de seu aniversário- Florbela d'Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo uma dose excessiva de Veronal. Algumas décadas depois, em maio de 1964, seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa.
MAGNITUDE
Para Florbela Espanca
Solidarizo-me com os teus versos
Oh, magnânima poeta portuguesa
Tu que cantaste a tua natureza
e, espalhaste por todo esse universo
Teus sonetos tão cheios de beleza
e, ao mesmo tempo, tão contraversos
que a quedar-me estaticamente imerso
chego, por todo esse talento, com certeza!
Poeta triste, e de feição tão amena
que comovia a todos! E serena
por traduzir ao mundo tal lirismo.
Qual este ser que não se comove
ao ler: "Livro de Mágoas" de 1919
e no livro seguinte: "Fanatismo".
Miguel de Souza
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
poemicros
sou
sol
do
sol
do
sol
da
do
na valsa
da vida!
sou salsa.
duvida?
tem dias em que
tudo-
-nada
deságua em mim...
dulçor,
dúctil!...
fútil
amor!
miguel de souza
sol
do
sol
do
sol
da
do
na valsa
da vida!
sou salsa.
duvida?
tem dias em que
tudo-
-nada
deságua em mim...
dulçor,
dúctil!...
fútil
amor!
miguel de souza
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